O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e os órgãos ambientais do Estado discutirão as possíveis soluções para a obstrução da rodovia ES 010 pelas areias do Parque Estadual de Itaúnas, em Conceição da Barra (norte do Estado). Entre as principais propostas, a mais aceita pela população é a alteração do traçado da rodovia na altura que corta o parque. O debate acontecerá nesta terça-feira (16), na sede do Ministério Público do município e serão apresentadas as principais propostas para a contensão do movimento das dunas sobre a estrada, entre elas a alteração no traçado da via.
O novo traçado da estrada é a principal aposta da comunidade para que as dunas não mais obstruam a estrada que dá acesso ao vilarejo. Hoje, esta passa em uma área entre as dunas e um pequeno pântano, que separa a nova vila de Itaúnas do areal. Devido ao forte vento noroeste que sopra na área, a tendência da areia é invadir a estrada, cobrir o pântano e avançar sobre a vila. Os moradores convivem com o medo de sofrerem a mesma tragédia que acometeu a antiga Vila de Itaúnas, que foi aterrada naturalmente pelas areias que avançaram sobre as casas após ter sido desmatada a pequena floresta que existia próxima à praia.
A apresentação da proposta do novo traçado acontecerá em uma reunião entre representantes do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), por meio da equipe do Parque de Itaúnas, do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-ES), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), do MPES, da Prefeitura de Conceição da Barra e da comunidade local.
Em outubro, durante uma audiência pública, as propostas de construir um novo traçado para a rodovia, do aprimoramento de estudos sobre a movimentação das areias, e da realização de plantios de vegetação de restinga ao redor das dunas foram apresentadas pelo Iema e aceitas pela comunidade, que contou com mais de 60 representantes na audiência. A audiência aconteceu após denúncias da população sobre a retirada irregular das areias das dunas.
Na ocasião, o Conselho Estadual de Cultura (CEC) produziu um relatório sobre a retirada das areias das dunas, em que aponta que a alteração do traçado da rodovia é uma solução paliativa, e não definitiva, já que as areias das dunas podem se movimentar e obstruir a nova estrada.
O relatório defende a retirada das areias que obstruem a estrada e que estas sejam colocadas na posição contrária aos ventos que movimentam as dunas, para que a obstrução seja evitada. Defende, ainda, que tal ação seja devidamente fiscalizada para que não sejam retiradas areias além daquelas que obstruem a rodovia, e nem para que sejam levadas a outros lugares que não o parque. O CEC propõe, ainda, a implementação de uma barreira verde contra o vento das dunas, para diminuição do transporte eólico das areias.
A polêmica das areias das Dunas de Itaúnas começou quando moradores denunciaram, em setembro último, a retirada de cerca de 400 caçambas das areias das dunas pela Prefeitura de Conceição da Barra, quando afirmaram que o sítio arqueológico do local foi afetado e exposto devido à grande quantidade de areia retirada. Em março deste ano, moradores já haviam denunciado outra extração irregular da areia para as obras de pavimentação da rodovia ES 010, no trecho que liga o distrito de Itaúnas à sede de Conceição da Barra. A empreiteira Constral era a responsável pela obra e, de acordo com os moradores, essa extração também abriu crateras entre as dunas.
A versão foi contraposta pelo Iema e pelos gestores do parque, que afirmam que somente foi retirada areia suficiente para desobstruir a estrada. Mas os moradores reiteraram as denúncias, confirmando as retiradas abusivas.
