Cientistas, pesquisadores, educadores, ambientalistas, estudantes e representantes de entidades da sociedade civil lançaram nessa quarta feira (22), na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), um manifesto em apoio à institucionalização, fortalecimento, manutenção da identidade e autonomia do Instituto da Mata Atlântica (INMA), nova denominação do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, fundado em 1949 por Augusto Ruschi, Patrono da Ecologia do Brasil, em Santa Teresa (região serrana).
O grupo se autointitula Movimento em Defesa do INMA e é a segunda mobilização que realiza em menos de um ano. A primeira, no final de 2015, conseguiu impedir a extinção do INMA e sua incorporação a outros institutos nacionais, em que seria apenas uma coordenação com reduzida autonomia e importância. Teve o apoio de mais de 100 cientistas e 71 instituições. O abaixo-assinado contou com mais de 12.500 nomes e foi enviado aos ministros da Ciência e Tecnologia e da Cultura.
Ao longo de seus mais de 60 anos de atividades, o Museu Mello Leitão cresceu em prestígio junto à comunidade científica brasileira e tornou-se uma das instituições mais queridas e respeitadas do Espírito Santo, recebendo mais de 80 mil visitantes por ano.
Por desejo do seu fundador, em 1984 ele foi incorporado ao governo federal, por meio do Ministério da Cultura. O entendimento de sua função primordialmente científica, no entanto, fez com que, a partir da década de 1990 um amplo número de pesquisadores passasse a trabalhar em favor de sua transferência para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) – agora fundido pelo Governo Temer com o Ministério de Comunicação.
Isso, no entanto, só viria a acontecer após décadas de reivindicação, em dezembro de 2014, através de uma lei federal. Mas a regulamentação, até hoje, não aconteceu.
A situação ficou ainda mais grave com a exoneração da diretoria em fevereiro deste ano, deixando a instituição acéfala, impossibilitando mesmo a contratação e pagamento de serviços essenciais de manutenção, resultando na suspensão da visitação pública no dia 18 de junho. Fato inédito em toda a história do Museu.
Diante da grave ameaça, o grupo voltou a se mobilizar. A luta agora é pela regulamentação do INMA, de forma que ele possa voltar a cumprir com suas atribuições primordiais nos âmbitos da produção e difusão científica, educação cientifica e ambiental, conservação da biodiversidade e preservação da memória de Augusto Ruschi.
Na opinião do professor da Ufes, Sérgio Lucena Mendes, membro da Comissão de Coordenação do Movimento, a publicação do decreto que regulamenta a lei que criou o INMA é a medida mais importante para solucionar de maneira permanente sua crise institucional.
“A reabertura do INMA sem as devidas garantias de que terá plenas condições de funcionamento é muito arriscada. Existe um acervo científico e cultural valioso que não pode ser colocado em risco”, alerta Mendes.
O Movimento lista ainda outras seis medidas prioritárias, de curto e médio prazo, a serem tomadas pelas autoridades competentes: o pagamento imediato das dívidas do INMA com os fornecedores e empresas prestadoras de serviços; agendamento de uma reunião do Movimento e representantes institucionais do Estado com o ministro e equipe do MCT; regulamentação dos cargos diretivos; abertura de chamada pública para a seleção do próximo diretor do INMA; constituição do Conselho Diretor e Conselho Técnico Científico; e elaboração do planejamento estratégico do Instituto.