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Salve o Museu Mello Leitão!

O único museu de história natural do Espírito Santo, o Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, instituição com grande respaldo entre a comunidade científica nacional e internacional, está ameaçado de ser extinto e ter seu acervo alienado. O alerta é da família do naturalista Augusto Ruschi, Patrono da Ecologia do Brasil, e fundador do MBML, em 1949.
Muito além do que vem sendo discutido e tratado burocraticamente em Brasília e divulgado na imprensa e nas redes sociais, a vinculação do Museu ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI) esconde questões mais profundas e ameaçadoras.
A transferência de vínculo do Ministério da Cultura para o MCTI é uma demanda antiga dos amigos do Museu. Porém, a forma como essa transferência tem sido conduzida, não tem levado em consideração a necessidade de se preservar a identidade, a história e o próprio acervo do Museu.
As turbulências começaram devagar, sem que ninguém se apercebesse, em 2010, com a aprovação da lei que cria o Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA). “Ali já se extingue o nome do museu e o seu estatuto e, com isso, toda a sua história, de 67 anos, é jogada abaixo. Você desmancha, extingue uma instituição”, alerta o biólogo Piero Angeli Ruschi, filho de Augusto Ruschi. Ele criou um abaixo-assinado pedindo ajuda para salvar o museu, em que alerta para a condução “irresponsável” do processo de vinculação ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
A lei ainda não foi regulamentada, o que tem gerado uma série de tristes transtornos, deixando o museu acéfalo desde abril e com contas atrasadas de água, energia e de serviços de segurança, limpeza e recepção, provocando o impensável fechamento da visitação pública, pela primeira vez em sua história, por longos dias durante o mês de junho. A não regulamentação, no entanto, também abre a possibilidade de que o processo seja estancado.
“Por definição, museus são testemunhos da humanidade de caráter perpétuo e, portanto, não podem deixar de existir. O INMA deveria abrigar consigo o Museu de Biologia Mello Leitão sem que seu estatuto de Museu fosse extinto para dar lugar ao estatuto de Instituto. A manutenção da perspectiva institucional (identidade histórica do MBML) deve ser considerada no processo de vínculo ao MCTI”, avalia Piero em uma carta aberta que começa a ser divulgada entre a comunidade científica, os amigos do Museu e a bancada capixaba no Congresso. “A saúde institucional do Mello Leitão não pode depender da criação de um instituto. Não! A saúde do Mello Leitão só pode depender dele próprio!”, conclama o biólogo.
Doutorando em Zoologia pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (MN/UFRJ), Piero nunca se afastou totalmente do MBML. O afastamento físico, para estudar biologia, mestrado e doutorado, não impediram sua relação de pesquisador associado ao Mello Leitão. Mas quase o impediram de ver a armadilha em que uma das heranças vivas de seu pai estava sendo envolvida.
Desperto a tempo, ele encabeça uma articulação para impedir a regulamentação da lei que criou o INMA, pelo menos da forma como está. “Estamos trabalhando nas falhas dessa negociação, feita inclusive por pessoas relacionadas ao Movimento em Defesa do INMAMoveINMA. Mais do que falhas, vejo mesmo como incompetência”, desabafa Piero. “Como alguém pode querer a extinção do Mello Leitão?”, indigna-se.
E afirma que o objetivo desta articulação que começa dentro da família de Ruschi, é esclarecer os fatos para que as medidas jurídicas e políticas sejam tomadas. “À medida que a verdade vier à tona, que os senadores, deputados, cientistas e a população passarem a conhecer a verdade, que se posicionem e ajudem a salvar o Mello Leitão, o patrimônio daquele que foi o Patrono da Ecologia do Brasil”, convoca.  

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