Mais uma reunião entre os índios de Aracruz (norte do Estado) e as empresas Samarco e Vale, responsáveis pelo crime do rompimento da barragem em Mariana (MG), terminou sem consenso nessa quinta-feira (12). Após nove horas de tentativas de negociação, representantes das empresas deixaram o local do encontro sem apresentar uma contraproposta. A Samarco e a Vale insistem em negar a responsabilidade pelos impactos da lama às terras Tupinikim e Guarani.
Os índios haviam encerrado os protestos da última semana, que bloquearam a linha férrea da Vale e trechos das rodovias de Aracruz, sob a condição de buscar um consenso na reunião marcada para essa quinta. Da mesma maneira, concordaram em cancelar o encontro que estava agendado para a última sexta-feira (5), na Câmara de Vereadores, a pedido das empresas, que alegaram falta de “tempo hábil” para chegar ao local.
No entanto, as empresas mostraram mais uma vez que não têm interesse em solucionar a questão. A Samarco e a Vale só aceitam compensar os índios das aldeias de Comboios, mesmo sabendo que os impactos atingem toda a área da Terra Indígena (TI) Tupinikim e Guarani.
Os impactos da lama impedem que os índios exerçam sua principal atividade de subsistência, que é a pesca artesanal, devido à contaminação do rio Doce, que desvia suas águas para o rio Riacho, em Aracruz, por meio do Canal Caboclo Bernardo, e da Reserva de Comboios, que faz limite com a aldeia de Comboios. Também há registros da mortandade de peixes do rio Piraqueaçu.
Segundo Vilson Tupinikim, o Jaguareté, que coordena a Fundação Nacional do Índio (Funai) no município, diante da negativa das empresas, os caciques decidirão ainda neste final de semana as medidas que adotarão para exigir a compensação pelos impactos.
Eles têm agendado na Justiça de Linhares, na próxima quinta-feira (18), uma audiência de conciliação com a Samarco, controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton.
A reivindicação dos índios é para que as empresas assumam um plano emergencial até que sejam concluídos os estudos que irão dimensionar os impactos do rompimento da barragem às terras indígenas. Eles apontam como mais importante, porém, os projetos que deverão ser elaborados para mitigar os danos e oferecer condições às aldeias para que voltem a desenvolver suas atividades.