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Sem acordo, índios voltam a ocupar trilhos da ferrovia da Vale em Aracruz

Os índios Tupinikim e Guarani voltaram a ocupar os trilhos da ferrovia da Vale em Aracruz, norte do Estado. A nova mobilização ocorre em protesto à negativa da empresa – dona da Samarco Mineração – de compensar as aldeias pelos impactos da lama do rompimento da barragem em Mariana (MG). Desde que os rejeitos atingiram o município, há mais de um mês, os índios estão impedidos de exercer a pesca tradicional, sua principal atividade de subsistência. 
 
O ato foi iniciado pelos índios na noite dessa quinta-feira (28), após a segunda reunião para discutir o problema. As empresas propõem a execução de um plano emergencial, porém, apenas para as famílias da aldeia de Comboios, sob a alegação de que o impacto é restrito àquela área, o que é contestado pelos caciques. 
 
As lideranças ressaltam que a lama prejudica não só todo o território indígena de Aracruz, que abrange nove aldeias, como os rios e o mar do município, o que acabou com as áreas de pesca. Não abrirão mão, portanto, de serem devidamente compensados, como garante Jaguareté, liderança Tupinikim.
 
A ocupação, realizada próxima à aldeia de Córrego D’ Ouro, no quilômetro 39, será mantida até que a Samarco e a Vale atendam à reivindicação.
 
A restrita proposta das empresas é a mesma firmada por exigência do Ministério Público do Trabalho de Minas Gerais e do Espírito Santo aos pescadores e ribeirinhos, que destina o pagamento de um auxílio no valor de um salário mínimo por família (R$ 788), mais 20% para cada dependente e uma cesta básica, durante seis meses – 1º de março de 2016. 
 
Até lá, a empresa contratada pela Samarco, a Golder Associates, terá que apresentar os resultados do estudo socioeconômico das regiões impactadas, com cronograma de ações que garantam o restabelecimento das condições de trabalhos das famílias prejudicadas pela lama.
 
Os índios já haviam ocupado os trilhos da ferrovia da Vale no último dia 13, cobrando providências contra a maior tragédia socioambiental do País. Encerraram o protesto sob a condição de firmar acordo com as empresas, o que não aconteceu. 
 
Os índios também estão impedidos de catar mariscos e de retirar o sustento dos rios que compreendem a bacia do rio Doce, contaminados pelos rejeitos. 
 
Na última semana, Jaguareté registrou a mortandade de peixes (foto abaixo) no rio Gimuhuna, ligado ao rio Riacho, que abastece as fábricas da Aracruz Celulose (Fibria) por meio do canal Caboclo Bernardo. A transposição de bacias foi feita em 1999 pela empresa, alterando drasticamente o comportamento hídrico da região.

 
Os índios Tupinikim e Guarani são frequentemente prejudicados por empreendimentos poluidores que impactam suas terras. Além da Aracruz Celulose, com seus extensos plantios de eucalipto e as operações do Portocel, e da Vale, com sua ferrovia, ameaçam as aldeias a Petrobras, a EDP Escelsa, o Estaleiro Jurong e o planejado porto Imetame. Os projetos acabarão de vez com o território de pesca artesanal do município. 

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