Novas mortandades de arraias podem ocorrer no Espírito Santo, alertou o pesquisador Lupércio Araujo, diretor do Instituto Orca. A ameaça permanente é uma velha conhecida: a pesca de arrasto, muito comum no Estado. Lupércio afirma que praticamente não há fiscalização por parte das autoridades.
O Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) apontou a causa da mortandade das arraias. Dos 68 animais, três eram machos. A maioria das fêmeas estava se reproduzindo. As carcaças das arraias foram encontradas na terça-feira (21), na Praia de Camburi.
A hipótese de que houve descarte de animais mortos por redes foi considerada inicialmente pouco provável, considerando que os animais têm bom preço no mercado.
A confirmação da causa leva à hipótese de que os pescadores visavam principalmente a captura de camarão com suas redes de arrasto, como disse o pesquisador Lupércio Araújo. A morte de 68 arraias é considerada alta em relação à população de animais que vivem na região.
Segundo Lupércio Araújo, a mortandade dos animais ocorreu em uma área onde é proibida a pesca com redes de arrasto. Esta área compreende desde a Enseada de Camburi, em Vitória, ao farol de Santa Luzia, em Vila Velha.
Tal proibição existe também para a baia de Vitória, e na “Coréia”, como é conhecida uma área nas proximidades das ilhas de Vila Velha – na face da voltada para o mar aberto -, entre outros pontos do litoral capixaba.
Entretanto, a pesca de arrasto é frequente nestas áreas. E praticamente não há fiscalização, o que ameaça a todos os animais marinhos da região, alerta o pesquisador. Isto porque peixes pequenos, moluscos, entre outros capturados nas redes, são simplesmente devolvidos mortos ao mar. As populações destes animais tendem a ser reduzidas significativamente.
No caso das mortes das arraias, o número elevado de animais pode indicar que o local é uma área de reprodução da espécie. Apesar da destruição produzida pela poluição, onde há uma montanha de minério despejado pela Vale.
A divulgação da mortandade dos animais deverá levar os órgãos ambientais a promover algumas ações tanto em Camburi, como em outros pontos do litoral. A fiscalização cabe à Polícia Militar Ambiental (PMA), Polícia Civil, Polícia Federal, Ibama, Iema e à prefeituras de Vitória (na baia e em Camburi), e à prefeitura de Vila Velha, nas áreas próximas as ilhas costeiras.