A ocupação faz parte da luta em defesa da Reforma Agrária, que se encontra paralisada neste Estado, e também em defesa da democracia, através do fortalecimento do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do INCRA.
O ato desta segunda-feira incluiu uma rápida paralisação das máquinas que preparavam o terreno, encerrada pacificamente, após chegada da Polícia Militar, que também retirou cartazes e faixas com palavras de ordem (“Fora Temer”; “Eucalipto não é alimento”). As famílias, no entanto, permanecem no local, aguardando um posicionamento dos governos estadual e federal, com relação à efetiva implementação de reforma agrária no Espírito Santo.
Está prevista uma reunião, nesta terça-feira (13), entre o MST, o Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), o vice-governador, César Colnago, o secretário estadual de Direitos Humanos, Júlio César Pompeo, e a empresa Aracruz Celulose (Fibria).
“O governo e a grande imprensa fazem muito essa divulgação, de que não existem terras nem pessoas para fazer reforma agrária no estado, que isso é coisa do passado. A ocupação de terras, então, cumpre basicamente dois objetivos: mostrar onde há terra propícia para a reforma agrária e que tem gente disposta a lutar por ela”, explica Adelso Rocha Lima, da coordenação estadual do MST.
As 750 famílias hoje acampadas, no entanto, esclarece Adelso, são só uma pequena parte do total de famílias que precisam se beneficiar do processo de reforma agrária, que vai muito além do assentamento. É preciso outros benefícios, como linhas de crédito, educação, saúde e assistência técnica.
Portanto, pessoas e terras existem. O que falta é vontade política e visão de sustentabilidade. Não se pode esquecer: somente uma fazenda, em posse de uma única empresa, tem capacidade para atender a 80% da demanda das famílias acampadas. E trata-se de uma terra ocupada com eucaliptais, monocultura que, no norte e noroeste do Estado, cumpre com o papel de acentuar os problemas socioambientais agravados, a cada ano, com a escassez hídrica e a falta de políticas públicas para a população rural.
Na reunião prevista para esta terça (13), a reivindicação do MST é no sentido de que o governo do Estado arrecade essas terras, que o MST e outros movimentos sociais entendem serem devolutas, estando apenas em posse da empresa para um uso insustentável. “A grande maioria das terras da empresa foi adquirida de forma irregular, através de grilagem e outros meios escusos”, afirma Adelso.
Segundo dados do IBGE, são mais de 250 mil hectares de terras ocupados hoje com eucaliptos, incluindo as que estão em posse da Aracruz Celulose (Fibria) e da Suzano, as que estão pelos proprietários cedidas para o fomento florestal e as que foram arrendadas pelas duas produtoras de celulose.