Foi dada a arrancada para a realização da terceira edição da Semana Sem Petróleo, evento organizado por coletivos e entidades sociais com o objetivo de denunciar os impactos da extração petroleira e seus usos abusivos. O primeiro passo é a abertura de inscrições para quem quiser propor atividades para serem agregadas à programação oficial, o que pode ser feito por um formulário online até dia 30 de setembro. A data de realização da Semana Sem Petróleo em 2019 será entre 11 e 16 de novembro.
Entre as propostas que podem ser enviadas estão debates, oficinas, rodas de conversa, apresentações artísticas e culturais e outras que tenham como foco os impactos socioambientais do petróleo e derivados e possíveis alternativas a seu uso. Podem ser inscritas atividades realizadas por pessoas ou grupos, independente de serem formais ou não. No formulário é preciso enviar os dados da atividade e necessidades e custos para realização da mesma, que podem ser cobertos pela organização do evento.
Foto: Rosane Miliotti/Fase
No mesmo documento é possível inscrever-se também para a II Feira Livre de Petróleo, que acontece durante a Semana Sem Petróleo com a apresentação e comercialização de produtos e tecnologias alternativos ao petróleo, plástico e derivados.
Criada em 2017, a Semana Sem Petróleo realiza edições anuais em que busca tanto a denúncia como a proposta de alternativas para o que chama de uma “sociedade petrodependente” e faz parte da Campanha Nem Um Poço a Mais, que defende de forma pioneira no país um freio à expansão petroleira.
O tema ganha relevância no Espírito Santo, pois o Estado tem alternado entre o segundo e terceiro maior extrator de petróleo e gás no Brasil. As buscas em território capixaba por campos petrolíferos economicamente viáveis começaram no fim dos anos 1950 na região norte, onde até hoje os poços e a logística do petróleo impactam sobre comunidades tradicionais como quilombolas, indígenas, camponeses e pescadores. A expansão mais recente se dá a partir da descoberta de óleo na camada pré-sal, no litoral sul do Estado, onde a exploração offshore também impacta na vida das comunidades pesqueiras direta ou indiretamente.
Leia a seguir o chamado publicado pela coordenação do evento:
“Dependência química? do petróleo?
Cuidado! A petrodependência mata! E os ministérios não advertem!
A dependência do petróleo se alastra como uma epidemia social.
Para os deslocamentos, dependemos do diesel e da gasolina. Para vestir, das fibras sintéticas. Para cozinhar, do gás. Para comer e beber, dos pratos, canudos e copos de plástico. Para cultivar, dependemos dos agrotóxicos. Para a higiene, dependemos de shampoos e cosméticos com petrolatos. Para ensacar o lixo, limpar com a esponja, para embalar a água e as frutas, para sentar à mesa, haja plástico! Não é nada fácil pensarmos algum verbo de nossas ações cotidianas que não dependa do petróleo e de seus derivados. Na cegueira do vício da petrodependência, o petróleo é como uma condição, sem a qual a própria vida não parece possível.
Quando se aprofunda a petrodependência, e a cada vez que aumenta a demanda por petróleo e gás, a indústria petroleira se expande! Sem consulta prévia e a toque de caixa, perfura novos poços, contamina mais áreas, polui mais águas, devasta mais territórios, em terra e no mar. Nas cidades, engarrafa os trânsitos e entopem os lixões. Nas comunidades, destrói os modos de vida e de trabalho, de povos tradicionais quilombolas, indígenas, camponeses, e da pesca artesanal.
A petrodependência precisa ser tratada! A expansão da indústria petroleira precisa ser detida!
Venha para a III Semana Sem Petróleo. Venha refletir sobre nossos níveis de dependência, identificar os usos abusivos e desnecessários. Há alternativas, caminhos de transição e sobretudo possibilidades de redução gradual do uso de petróleo e de seus derivados no cotidiano.
Despetrolize-se! Venha participar da Semana sem Petróleo!”