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Serra convida ONGs para participar do manejo de Áreas de Proteção Ambiental

Mestre Álvaro é uma das áreas em foco. “Sonho é ver essa APA bem cuidada”, afirmam os Guardiões do Mestre

Junior Nass

“O sonho de todos aqui é ver a APA sendo bem cuidada”. A súplica refere-se à Área de Proteção Ambiental (APA) do Mestre Álvaro, na Serra, que protege o ponto culminante da região metropolitana da Grande Vitória e do litoral capixaba, o imponente Mestre Álvaro, do alto de seus 833 metros de altitude. Entoada por Junior Nass, da ONG Guardiões do Mestre, uma das entidades ambientais mais atuantes no território serrano, reflete um desejo antigo e compartilhado por muita gente.

“Porque entra gestor e sai gestor, ano após ano, e ninguém dá continuidade ao trabalho. Não tem prefeitura, não tem polícia, nada. São as ONGs que fazem o trabalho de encontrar e destruir armadilhas de caçadores, cuidar das trilhas, divulgar as belezas do lugar, levar os visitantes”, relata.


Tacitamente reconhecendo a importância desse trabalho da sociedade civil, a Secretaria de Meio Ambiente da Serra (Semma) abriu um processo de diálogo com as entidades sem fins lucrativos interessadas em firmar Acordo de Cooperação Técnica para o manejo da APA Mestre Álvaro e da APA Manguezal Sul.
A proposta de parceria será apresentada em uma reunião virtual marcada para a próxima terça-feira (25), às 14 horas. As inscrições são feitas por meio do formulário e o link para a reunião será passado, via e-mail, aos que fizerem o cadastro.
“O grande objetivo da reunião é discutir com as entidades a possibilidade de construir um acordo de parceria para promoção dos programas de manejo das APAs Mestre Álvaro e Manguezal”, afirma a prefeitura. No encontro, serão abordados os programas de estudos ambientais, subprogramas de monitoramento socioambiental, programas de gestão ambiental, promoção de biodiversidade, além de utilização sustentável de recursos naturais e gerência de unidade de conservação.
Junior Nass

Valorização, divulgação, fiscalização

Junior Nass elenca várias ações reivindicadas pelos Guardiões, que podem ser implementadas por meio da parceria anunciada pelo município: reflorestamento de algumas áreas, atualização do Plano de Manejo, fazer uma sede da APA dentro da unidade (porque a sede atual está fora da APA, no Jardim Botânico), indenizações para regularizações fundiária, retirada de entulhos e equipamentos não utilizados, melhorar a sinalização para os visitantes e melhorar o acesso ao topo.

“A prefeitura precisa mesmo incentivar as pessoas que estão sempre lá apoiando, ajudando, trabalhando, registrando a fauna e flora. Produzir um livro sobre a biodiversidade do Mestre!”, reivindica o ambientalista, que tem trabalhado com o turismo ecológico, entendido como uma poderosa estratégia de conservação. “Muitas coisas precisam ser feitas. É um sonho que a gente tem de que isso um dia se torne realidade”, reafirma.

E a ação, acentua, é urgente, pois o avanço da malha rodoviária e da mancha urbana é uma ameaça crescente à biodiversidade e a todo os serviços ecossistêmicos que ela oferece. “Estão mexendo no PDM [Plano Diretor Municipal]. Não vai demorar e pode ser tudo destruído, questão de tempo”, alerta.
De fato, a proteção do Mestre Álvaro e do Manguezal Sul, ambos próximos, praticamente contíguos, tem sido uma luta constante, com algumas vitórias, como ocorrida há cinco anos, quando a Câmara de Vereadores recuou da intenção de permitir ocupação da área de turfa aos pés do Mestre, após intensa pressão popular.

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