Servidores do Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no Espírito Santo protestaram nesta sexta-feira (25), em frente à Superintendência Estadual (Supes Ibama/ES), na Capital, contra o loteamento político de cargos no órgão, que têm ameaçado a área ambiental no País.
Um grupo de 15 servidores de carreira, especialistas em meio ambiente, foram para a faixa de pedestres em frente à sede, com faixas contendo seguinte frase: ‘Não ao loteamento de cargos na área ambiental’.
O analista ambiental Felipe Alves, membro da diretoria da Asibama/ES, associação que representa a categoria, aponta que o campo de atuação do Ibama e ICMBio é marcado por conflitos políticos, portanto, é importante que pessoas engajadas pela luta ambiental ocupem esses cargos dentro das instituições.
“Esses cargos são 'importantíssimos' para gestão da política ambiental dentro da instituição. Pensar nesses cargos como moeda de troca política é muito temeroso, ainda mais quando se olha para os servidores e consegue identificar muitos com qualidades e competência para ocupá-los”, afirmou Felipe.
Após a tentativa de indicação do Pros para a chefia nacional do Instituto Chico Mendes do vice-presidente da sigla, Moacir Bicalho, gerando reações dos servidores, o cotado ao cargo agora é Cairo Tavares, também do partido. Ambos sem nenhuma experiência anterior na área ambiental. Cairo, segundo os servidores, é formado em Ciência Política pelo UDF Centro Universitário do Distrito Federal, e sócio de uma empresa de comércio varejista em Valparaíso, Goiás. Se a indicação for confirmada, será a primeira vez que a autarquia será gerida por um político sem ligação com a área desde a sua criação, em 2007.
Assim como ocorre em cidades de outras unidades descentralizadas do Ibama e do ICMBio, incluindo também protestos no Ministério de Meio Ambiente (MMA), novas manifestações estão sendo organizadas no Estado.
Os servidores do ICMBio já haviam entregue, no último dia 14, em Brasília, uma carta de protesto ao ministro interino, Edson Duarte, contra a indicação política de Moacir Bicalho para a presidência da autarquia. A carta foi assinada por 204 instituições e entidades da sociedade civil organizada.
Um abaixo-assinado que já conta com quase 20 mil assinaturas pede o fim e a reversão das nomeações estritamente políticas, sem critérios técnicos, de pessoas sem histórico ou comprometimento com a área ambiental, e exige a nomeação de um presidente que seja idôneo e portador de notório saber e experiência profissional na área ambiental.
Lá e cá
A situação nacional é a mesma vivenciada pela Superintendência do Ibama no Espírito Santo, que também vem sofrendo com a nomeação política para o comando do órgão. Os servidores já demonstraram sua insatisfação com protestos e notas públicas.
Em março último, Tarcísio José Foeger, servidor público da Prefeitura de Vitória e ex-diretor-presidente do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) assumiu a superintendência sem qualquer comunicação prévia aos servidores. Apesar da experiência em gestão ambiental pública, não é servidor de carreira do Ibama.
Ele substituiu a analista ambiental do Instituto, Andrea de Souza Diolo Moulie, que ficou à frente do Ibama/ES durante seis meses, como substituta. Esse foi o quinto superintendente que assumiu o cargo nos últimos dois anos.
Felipe Alves diz que a prática de ingerência política afeta muito as atividades ambientais e também a sociedade. Demonstra uma desvalorização do profissional que trabalha há anos na área e conhece todo o funcionamento e importância da instituição.
“A mobilização é importante pra demostrar a nossa indignação e união. Queremos mostrar para sociedade que isso também é prejudicial pra ela. Quem conhece de fato o meio ambiente e sabe fazer uma boa gestão dele, consegue evitar os desastres naturais” ressaltou o analista ambiental.