Os representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Espírito (Sindaema) no Conselho Municipal de Meio Ambiente (Condema) de Vitória vão requerer nesta sexta-feira (6) que o órgão intervenha junto ao governo do Estado visando salvar a foz do rio Santa Maria da Vitoria.
A morte do rio foi decidida quando o governo decidiu retirar toda a água que chega ao ponto de captação da Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) em Queimado, na Serra, interrompendo seu curso até a foz. Preferiu matar o rio a interromper significativamente o fornecimento a ArcelorMittal Tubarão e Vale. As empresas consomem 30% da água do rio, totalizando 79 milhões de litros por dia.
Segundo o conselheiro Adaílson Freire, também diretor do Sindaema, será pedida a intervenção do Consema no “Estado e outros poderes constituídos para que sejam tomadas as medidas necessárias para garantir a vazão residual do rio Santa Maria da Vitoria em direção a sua foz, no bairro Ilha das Caieiras, onde o rio deságua em um delta formando varias pequenas ilhas”.
Assinala que se isso não acontecer “estará ocorrendo um verdadeiro desastre ambiental com profundas consequências sociais, ambientais, ecológicas e paisagísticas. Além de interferir em projetos de geração de emprego, trabalho e renda e poder inclusive impedir, devido a reflexos desta situação, que as famosas tortas de mariscos sejam suspensas por contaminação ou falta de parte das iguarias que compõem um dos cartões gastronômicos da capital”.
Afirma que a crise hídrica atual não é somente provocada pela seca que assola o Estado, mas também por falta de gestão de vários atores públicos e privados. “Neste momento nega-se ao rio Santa Maria água para que continue seu caminho em direção ao mar e de forma deprimente, chocante, parte deste rio agoniza em seu leito que deveria ser de vida, mas agora é leito de morte, principalmente após a barragem de captação da Cesan”.
Lembra ainda que “a vazão ecológica é muito importante já que, por exemplo, os peixes dependem de uma vazão que garanta a sua alimentação, concentração de oxigênio adequada e diluição dos excrementos. A manutenção de vazões residuais ou ecológicas é uma exigência legal que deve ser respeitada em todos os aproveitamentos hidráulicos”.
Ao solicitar a intervenção do Condema de Vitória na questão, os representantes destacam que estão observando um profundo descaso com a sustentabilidade ambiental e para atender as necessidades da população.
Diferentemente, continua o atendimento generoso à ArcelorMittal e Vale, plantas industriais de alto consumo, mesmo no momento que toda a vazão do rio Santa Maria da Vitória é utilizada pela Cesan para suas demandas.
Daí os conselheiros exigem ação imediata que restabeleça a vazão ecológica do rio, “usando todas as medidas previstas, políticas, legais ou jurídicas a fim que o equilíbrio ecológico, ambiental sejam preservados e respeitados”.
No momento “desta profunda escassez hídrica e seus reflexos, a adoção de 10%, sugerindo 300 litros por segundo do mínimo da vazão nominal do rio, que no momento gira em torno de 3.000 litros por segundo, sejam para manter de forma contínua como vazão ecológica”. E pedem ajuda do Condema com este objetivo.