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Sociedade civil se mobiliza em Linhares contra fim do rio Doce

A poucos dias da chegada da onda de lama da barragem da Samarco/Vale rompida em Mariana (MG) ao município de Linhares (norte do Estado), a sociedade civil se mobiliza em atos contra o fim do rio Doce. Os rejeitos chegaram ao Espírito Santo nessa segunda-feira (16). 

Depois de Baixo Guandu, cidade capixaba que faz divida com Minas Gerais, a enxurrada de lama chegará a Colatina e, então, Linhares, o que está previsto para até esta sexta-feira (20), segundo a nova previsão do Serviço Geológico do Brasil. Em Regência, onde está a foz do rio Doce, os rejeitos encontrão o mar. 

 
Com a proximidade da onda de lama, 40 moradores da vila de pescadores de Regência realizaram um abraço simbólico da foz do manancial na manhã desta terça-feira (17). Faixas em punho apresentavam frases de protestos como “SOS rio Doce”, “Somos Regência”, “Cadê o respeito?” e “Quanto vale o rio Doce?”. 
 
A comunidade lembrou a importância do rio para as 300 famílias locais que dependem da pesca para sobreviver e fizeram um apelo às mineradoras Samarco e Vale e ao poder público para que olhem para Regência e tentem minimizar os impactos da chegada da onda de lama à foz do manancial. Os moradores defendem que seja feito todo esforço possível para conter os rejeitos na Usina de Mascarenhas, em Aimorés (MG), por onde já passou a primeira enxurrada de rejeitos. 
 
Os moradores denunciaram ainda a omissão dos responsáveis e a falta de informação sobre a tragédia, mesmo passados 11 dias do rompimento da barragem. Essa situação, pontuam, aumenta o clima de incerteza em relação ao futuro das famílias que dependem do rio. “É necessário que as autoridades e representantes da Samarco/Vale saibam que nós não nos resignaremos cruzando os braços, enquanto eles nos enfiam cestas básicas goela abaixo”, destacou a comunidade em sua convocação para o ato. 
 
É também nesse sentido que a sociedade civil de Linhares convoca para o enterro simbólico do rio Doce nesta quarta-feira (19). Com saída da Praia dos Correios às 17h30, eles seguirão em direção ao cais do manancial no município. Os participantes irão se vestir de preto e levar velas, cartazes e cruzes. 
 
No protesto, serão cobradas ações das empresas responsáveis, Samarco e Vale, bem como do poder público e dos representantes políticos da região, igualmente acusados de omissão. 
 
Cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos foram liberados no meio ambiente com o rompimento da barragem de Fundão da Samarco/Vale. Ao contrário do que a empresa informou até agora, entrou em colapso apenas uma barragem. O agravante é que as barragens Santarém e Germano correm risco de rompimento, como admitiu a Samarco/Vale nesta terça-feira (19). 
 
A tragédia, hoje, já é considerada a maior provocada pela indústria da mineração brasileira. Os rejeitos, segundo especialistas, formarão um “deserto de lama”. Os impactos ambientais poderão levar décadas ou mesmo séculos para que sejam revertidos.

 

Além da Vale, a Samarco é controlada pela anglo-australiana BHP Billiton.

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