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Temporada de desova das tartarugas marinhas tem início no Estado

A 34ª temporada reprodutiva das tartarugas marinhas teve início neste mês, em todo o litoral brasileiro. Praias dos estados de Sergipe, Bahia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Espírito Santo são monitorados pelas equipes do Projeto Tamar, que a cada temporada contabiliza os números de ninhos, de animais flagrados em desova e de mortes de animais. A expectativa do projeto é de que dois milhões de tartarugas nasçam nesses lugares, além das ilhas oceânicas de Fernando de Noronha e Trindade.
 
Em um comparativo entre as temporadas 2012/2013 e 2013/2014, no Espírito Santo houve um aumento de 34,14% no registro dos ninhos de desova. Em um comparativo nacional, na temporada 2013-2014 o aumento foi de 14% no número de ninhos protegidos em relação à temporada anterior. A quantidade de tartarugas flagradas no litoral também aumentou em 37,28% e houve uma queda de quase 1% na mortandade de animais registrada no período. Em Vitória, o programa de captura, marcação e recaptura é realizado com o uso de redes de espera, e todos os animais encontrados recebem um anel de metal nas nadadeiras, para identificação e estudo de seu deslocamento e de hábitos comportamentais, além de dados sobre crescimento e taxa de sobrevivência. 
 
O Projeto Tamar trabalha prioritariamente para a proteção de cinco espécies ameaçadas de extinção, que são a tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Até hoje, o Projeto conseguiu proteger 20 milhões de filhotes de tartarugas marinhas. Em 2015, os números esperados são positivos, uma vez que já há a comprovação científica do início da recuperação das populações de tartaruga-oliva, tartaruga-de-pente e tartaruga-cabeçuda.
 
Nas temporadas 2012-2013 e 2013-2014 da desova das tartarugas de couro, ou tartaruga-gigante, no litoral norte do Espírito Santo, o Tamar registrou flagrante de 29 e 30 tartarugas, respectivamente, que usaram o local para se reproduzir. Anteriormente, a expectativa anual era de que apenas entre quatro e 12 indivíduos da espécie, avaliada como criticamente em perigo de extinção. Nos últimos três anos, há um aumento na frequência das tartarugas-gigante de menor porte que procuraram a região para desova.
 
Outros 10 registros reprodutivos de tartarugas-gigantes foram contabilizados pela equipe do Tamar da Grande Vitória, em praias urbanizadas e não monitoradas. O número anual de ninhos na região também aumentou. Entre os anos de 1988 e 1999, a média anual de ninhos foi de 24,5, enquanto entre os anos de 2000 e 2013 esse número mais do que dobrou, alcançando a média de 59,5.
 
A área de 150 quilômetros de planície costeira, localizada entre as regiões de Regência, em Linhares, e Itaúnas, em Conceição da Barra, no norte do Estado, é a única de desova regular em todo o litoral brasileiro. Nos 15 quilômetros da Reserva Biológica (Rebio) de Comboios, houve a ocorrência de 25% dos ninhos, o que indica, segundo o Tamar, que a proteção da região como um todo, e não restrita à Rebio, é essencial à manutenção da espécie. Os principais pontos de desova do animal são em Regência, Povoação e Pontal do Ipiranga, todos localizados no município de Linhares.
 
O Tamar aponta que as ações do homem estão entre as principais ameaças à vida das tartarugas marinhas, destacando entre elas a pesca incidental, a destruição do habitat para desova pela ocupação desordenada do litoral, fotopoluição, trânsito de veículos nas praias, poluição dos oceanos e mudanças climáticas.

Atualmente, as principais ameaças à continuidade da reprodução dos animais no Estado são os projetos portuários da Nutripetro e do Porto Manabi, previstos justamente para a área de desova das tartarugas. Alterando o habitat natural e prejudicando a locomoção das tartarugas até a área, a construção desses megaempreendimentos podem pôr fim ao longo trabalho do projeto, que começou a apresentar bons resultados. O Projeto Tamar considera que as áreas de fundeios construídas nos portos geram extensas áreas de exclusão de pesca, limitando ainda mais os pescadores a poucas áreas, próximos aos estuários e reservas.

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