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Tradições indígenas inspiram transição para alimentação natural

A mandioca ou  aipim, castelinha, uaipi, macaxeira, mandioca-doce, mandioca-mansa, maniva, maniveira, mandioca-brava e mandioca-amarga são alguns termos usados para nomear o tubérculo. Eleita o alimento do século 21 pela ONU, a mandioca está no centro da alimentação tradicional dos índios americanos. Fácil de cultivar, versátil, altamente nutritiva, com baixo índice glicêmico e livre de glúten, é encontrada em todas as regiões do Brasil e durante o ano todo. Milho e outros tubérculos feculentos completam o cardápio básico dos povos originários das Américas – baseado nos vegetais frescos e encontrados localmente, em cada estação do ano.

Tão moderno e ancestral ao mesmo tempo. É que a roda do tempo gira e, muitas vezes, nos coloca novamente de frente com uma velha novidade, só que repaginada, adaptada às novas tecnologias, ao novo ritmo do tempo em questão …

É nesse sentido que caminha o trabalho da dupla Lígia Sancio (culinarista) e Rafaela Brito Fardin (nutricionista): inspirar-se na ancestralidade alimentar ameríndia de propor uma alimentação vegana e orgânica/agroecológica, que atenda às necessidades de uma dieta mais saudável, não só individualmente, para as pessoas, mas igualmente saudável para o planeta como um todo.

“Nosso pressuposto é fazer uma boa alimentação, variada, colorida, local, orgânica e vegetariana. E ajudar as pessoas a fazerem isso na vida delas também”, resume Lígia.  Consciente da crescente procura por dietas sem glútens, com baixo índice glicêmico e com baixa ou nenhuma ingestão de proteína animal, a culinarista e a nutricionista buscam, em seus cursos, organizar, disponibilizar e trocar explicações culturais, territoriais e antropológicas que sustentem essa mudança alimentar.

“Não é só porque é fit, porque está na moda”, justifica Lígia, adepta do veganismo e da agroecologia há muitos anos. “É a alimentação como ato político”, emenda Rafaela

Da feira ao prato

O próximo curso da dupla será no dia 21 de janeiro, de 7h00 às 14h00, iniciando na feira orgânica do Barro Vermelha e seguindo para a Residência Vegana no bairro Santa Cecília, ambos em Vitória. A intenção é promover uma pequena vivência, envolvendo os participantes na aquisição, preparo e consumo dos alimentos.

A parte teórica irá enfocar as diferentes formas de cultivo e os benefícios de reduzir a presença dos industrializados e privilegiar os orgânicos/agroecológicos que, naturalmente, nos levam a respeitar a sazonalidade dos alimentos. Além da história do trigo, enfatizando que ele, isoladamente, não é o culpado pela epidemia celíaca que assola o mundo. Mas que, por outro lado, “nossas raízes ameríndias são essencialmente sem glúten!”

E tudo o que faz bem para o corpo individual, humano, reflete em benefícios também em escala global. “A alimentação é a primeira forma de comunicação coletiva do ser humano”, afirma Rafaela, que entende a consciência alimentar como a principal porta para uma percepção mais profunda e orgânica da sustentabilidade.

“Estar próxima da agroecologia, respeitar a sazonalidade dos alimentos … tudo isso nos aproxima da dimensão ecológica. E o movimento vegano, ou a parte mais saudável dele, dialoga muito também com a conservação ambiental”, pondera Lígia. “É internalizar pra externalizar”, sintetiza a nutricionista.

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