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Trechos da Estrada-Parque do Caparaó devem ser transferidos ao DER

Expectativa é garantir as obras para que a estrada-parque seja um vetor de prosperidade e integração regional

Consórcio Caparaó

Uma estrada que seja de fato vetor de prosperidade e integração regional, que favoreça o turismo de base comunitária, e que seja, ela própria, uma referência para o lazer de visitantes e moradores locais. As expectativas se referem à implementação da Estrada-Parque Modelo do Caparaó e foram discutidas durante reunião realizada nessa terça-feira (8) reunindo o Consórcio Público Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável do Território do Caparaó Capixaba (Consórcio Caparaó), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), entidades não governamentais da região e diversos órgãos e secretarias do governo do Estado.

Um ponto fundamental para o alcance dessas expectativas, expuseram as entidades, é a transferência da gestão da rodovia ES-190, e trechos de outras estradas que compõem a idealizada Estrada-Parque, para o Departamento de Edificações e Rodovias do Espírito Santo (DER-ES), totalizando cerca de 80 km. Atualmente sob guarda da Secretaria de Estado de Agricultura (Seag), por meio do programa Caminhos do Campo, essas estradas estão limitadas a padrões de obras e gestão que não cabem nas necessidades de uma Estrada-Parque Modelo.

Reprodução

O projeto foi idealizado há três décadas por ambientalistas fundadores da Associação Pró-Melhoramento Ambiental da Região do Caparaó (Amar Caparaó), e há cerca de um ano vem tomando forma dentro do governo do Estado, a partir de proposições lideradas pelo Consórcio.

É ele quem vai oficializar o pedido de transferência para o DER-ES e, num segundo momento, irá contratar, juntamente com o Sebrae, o projeto de “branding” da estrada-parque. “O DER tem condições de fazer, ano a ano, cada trecho das pavimentações e depois a sinalização e o paisagismo que o branding vai apontar”, explica Dalva Ringuier, secretária-executiva do Consórcio Caparaó. Todo o processo, afirma, será acompanhado por uma “comissão do branding”, que contará com as entidades que já participam das reuniões, iniciadas em junho passado, e outras que se somarem ao processo, entre elas a idealizadora da estrada-parque modelo, a Amar Caparaó.

“A comissão vai ver o que a gente espera dessa estrada, para que ela seja uma referência para o turismo, para o desenvolvimento e para a integração das comunidades”, invoca a secretária-executiva. “Vamos ouvir as comunidades para criar os mapas, instalar os totens, os mirantes, fazer as ações de divulgação e marketing”, conta.

Tudo, ressalta, respeitando a tradição turística diferenciada do Caparaó Capixaba, que privilegia um turismo de contemplação e harmonia com a natureza e de valorização das tradições culturais locais. Um modelo implementado com sucesso pelo projeto Cama & Café, do qual o Consórcio foi protagonista, junto com a Secretaria de Estado do Turismo, no início dos anos 1990, e que depois foi replicado em outras regiões do Estado. “Para ser bom para o turismo tem que ser melhor ainda para o morador. Privilegiamos as vivências e experiências com a natureza, com o sagrado que está na água, na floresta. Queremos continuar atraindo esse público”, afirma.

Fundadora e integrante da diretoria da Amar Caparaó, Núbia Lares concorda com Dalva. “Que tipo de turismo queremos trazer para o Caparaó? Precisamos de um desenvolvimento que não descaracterize o lugar, que preserve a territorialidade, as características do povo local. Precisamos de um turista que venha com respeito e harmonia com a natureza”, pontua.

A transferência para o DER, pondera, parece a melhor solução também para garantir uma melhor qualidade para a pavimentação das estradas. “Hoje, o próprio capixaba aconselha o visitante a passar por Minas Gerais, porque as estradas no Espírito Santo estão sempre muito ruins”, diz.

Mas a qualidade, no entanto, não deve se limitar a um asfalto mais resistente, pois o projeto original da estrada-parque prevê pavimentações diferenciadas, mais ecológicas. “O sonho do Constantino era de uma estrada diferenciada e isso se tornou o sonho da Amar”, ressalta, referindo-se ao saudoso jornalista Constantino Korovaeff, também fundador da ONG, mentor de toda uma legião de ambientalistas que se reuniram na região do Patrimônio da Penha, em Divino de São Lourenço, um dos epicentros do turismo ecológico e místico do Caparaó Capixaba, e até hoje considerado um grande mestre.

Dalva reforça a fala de Núbia. “Sempre relembramos os ideais de Constantino para essa estrada. Não podemos perder essa origem”. Nesse sentido, assevera, todo o trabalho de branding será focado na valorização das comunidades.

“Os moradores devem ser os protagonistas do desenvolvimento do turismo. Os empreendimentos de fora são bem vindos, mas desde que respeitem os moradores. Eles devem se adequar à realidade local e não o contrário”, ressalta secretária-executiva do Consórcio, alertando que em muitas regiões turísticas, mesmo no Espírito Santo, empresas de fora envolvem os moradores apenas como servidores de seus negócios, o que não pode ser aceito no Caparaó. Núbia faz coro. “O branding tem que atender às necessidades reais do povo”.

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