São 160 vagas, sendo metade para cada um dos campi a oferecer a graduação: Vitória e São Mateus. Em Vitória, são oferecidas as áreas de conhecimento Linguagens (Língua Portuguesa, Artes, Literatura e Educação Física) e Ciências Humanas e Sociais (Geografia, História, Sociologia e Filosofia), sendo esta última também oferecida em São Mateus, além de Ciências da Natureza (Química, Física e Biologia).
O curso tem duração de quatro anos e é voltado para a atuação dos futuros profissionais nos anos finais do ensino fundamental e também no ensino médio. Os anos letivos transcorrem em sistema de Alternância, em que o estudante alterna uma semana no chamado Tempo Universidade – estudando em tempo integral e residindo em alojamento disponibilizado (São Mateus) ou custeado (Vitória) pela Ufes – com uma semana no Tempo Comunidade, onde retorna para sua comunidade de origem, podendo aplicar os conhecimentos adquiridos na universidade e também trazendo, de sua realidade rural, elementos para enriquecer o processo de formação universitária.
A Alternância é uma característica fundamental, pois o curso é voltado para filhas e filhos de agricultores e para educadores que já atuam na educação do campo, seja em assentamentos, comunidades quilombolas ou camponesas. No tempo em que não estão em sala de aula, os graduandos, via de regra, trabalham na roça com suas famílias ou na militância com colegas de seus movimentos sociais.
Foram os movimentos sociais, aliás, que elaboraram, juntamente com a Ufes, o Projeto Pedagógico do Curso (PPC), que originou o primeiro processo seletivo em 2014/2. A primeira turma irá se formar em 2018.
Esse é o primeiro curso a preencher essa lacuna no Estado, pois até então, o que havia eram especializações na Ufes. “Mas no âmbito do ensino superior, de uma graduação específica, não havia. É uma conquista importantíssima, principalmente num estado que não tem uma universidade estadual nem uma universidade rural”, contextualiza o camponês e universitário.
Dione também lembra que é preciso lutar para ampliar o número de vagas e a área de abrangência do curso, que ainda não é ofertado no Campus de Alegre, deixando os educadores e futuros educadores do sul do Estado com muita dificuldade.
E enfatiza como o governo Paulo Hartung caminha em sentido absolutamente oposto aos avanços obtidos nos últimos anos na educação do campo. Enquanto as universidades ofertam uma graduação específica, a Secretaria Estadual de Educação (Sedu) faz todo o esforço para sucatear ao máximo o setor: exonerando o antigo responsável pela Gerência de Educação do Campo, logo que assumiu, em janeiro de 2015, fechando dezenas de escolas do campo em todo o Estado, coagindo os conselheiros dos conselhos de escolas do campo e, finalmente, extinguindo a Subgerência de Educação Indígena e Quilombola.
“São décadas de avanços e muitas experiências exitosas”, diz o militante do MPA, citando as muitas escolas do campo que se destacaram na avaliação estadual de desempenho deste ano, e lamentando o atua governo, por seu “comportamento ditatorial e sem diálogo com os movimentos sociais”.
Para obter mais informações e se inscrever no curso de Licenciatura em Educação do Campo, acesse o site da Ufes