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Ufes promove seminário sobre extrativismo na América Latina

A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) iniciou, nesta sexta-feira (7) , o seminário “Neoextrativismo na América Latina”, no qual serão discutidos os novos aspectos do extrativismo na América Latina e, principalmente, os impactos sociais e ambientais de grandes empreendimentos, a exemplo dos que se instalaram e planejam se instar no Estado. Além da programação de palestras e debates, no domingo (9) será organizada uma visita a Regência, em Linhares (norte do Estado).
 
Próximo a Regência, no vilarejo de Degredo, há a ameaça da instalação do Porto Norte Capixaba (PNC), porto de exportação de minério da empresa Manabi, que é apontado como um dos mais nocivos à costa capixaba. O porto será o ponto para a exportação do minério que a empresa pretende extrair na região do Morro do Pilar, em Minas Gerais, e transportar por meio de um mineroduto até o litoral capixaba. Além do porto, o mineroduto da Manabi cortaria, no Estado, os municípios de Marilândia, Colatina, Baixo Guandu e Linhares, passando por pequenas propriedades de agricultores e, em Minas Gerais, cortando comunidades quilombolas que sequer foram mencionadas no Relatório de Impacto Ambiental (Rima) do empreendimento. 
 
O porto é constantemente comparado ao Porto de Tubarão, em Vitória, que também é usado para exportação do minério da Vale. Na praia próxima ao local, há um passivo ambiental de pó e pelotas do material que a empresa se recusa a dragar. Além disso, a empresa teve, no começo deste ano, problemas com as comunidades indígenas que são cortadas pela sua ferrovia, já que nunca pagou a compensação ambiental equivalente à ocupação das terras dos índios. Também há problemas com o pó de minério desta empresa e da vizinha ArcelorMittal, que polui o ar da região metropolitana.
 
Além disso, somente em Aracruz (norte do Estado), diversos empreendimentos ameaçam o equilíbrio ambiental e cultural de comunidades tradicionais como os indígenas, quilombolas, pequenos agricultores e pescadores. Entre eles os plantios de eucalipto da Aracruz Celulose (Fibria), que usurpou territórios tradicionais e lança químicos agrícolas sobre o solo, além de explorar à exaustão os recursos hídricos, esgotando a possibilidade de cultivos puros e saudáveis por essas comunidades. Há, também, as constantes ameaças portuárias, como o Portocel, da Aracruz, além do Estaleiro Jurong, que usurpou e degradou uma enorme área de pesca em Barra do Riacho, e o planejado porto Imetame, que acabará de vez com o território de pesca artesanal do vilarejo.
 
Em São Mateus (norte do Estado), os problemas são com a a Transpetro, subsidiária da Petrobras. A Transpetro foi responsável por quatro vazamentos na região do Terminal Norte Capixaba, que resultaram na contaminação do mar e comprometeram ambientes especialmente protegidos e o equilíbrio ambiental da região, além de colocar em risco espécies ameaçadas de extinção. São comuns ainda os relatos de desalojamento de comunidades camponesas, assédio moral para a construção de empreendimentos relacionados ao setor do petróleo e gás, além da poluição de recursos hídricos e do solo.
 
O seminário sobre o extrativismo na América Latina acontece até o próximo domingo (9) e contará com a participação de pesquisadores do Brasil e de países como Argentina, Bolívia, Chile, Equador e México. Também participarão dos debates órgãos da sociedade civil, movimentos sociais e representantes de populações afetadas por grandes projetos extrativistas.
 
Entre os assuntos que serão debatidos estão: o diagnóstico do neoextrativismo latino americano; a problematização de instrumentos institucionais, tais como, o licenciamento ambiental, os Termos de Ajustamento de Conduta, a Convenção 169 e a Consulta Prévia; a discussão sobre estratégias de resistência; e a produção de alternativas.
 
Mais informações podem ser conferidas no site do seminário (http://seminarioneoextrativismo.wordpress.com/). O Seminário Neoextrativismo na América Latina é uma realização do programa de pesquisa e extensão Organon, do departamento de Ciências Sociais, da Universidade do Espírito Santo.
 
 
Programação
 
Seminário Neoextrativismo na América Latina
 
Sexta-feira (07/11)
 
12:00 – Almoço
13:00 – Boas vindas e abertura: Cristiana Losekann (Organon/UFES) / Brasil
 
13:30 – Painel 1: Neoextrativismo latino americano: estratégias de desenvolvimento x alternativas ao desenvolvimento
Debatedores:
Gabriela Scotto – Núcleo de Estudos Socioambientais (NESA/UFF) / Brasil
Luiz Paulo Guimarães – Movimento Nacional pela Soberania Popular frente à mineração e Comitê em Defesa dos Territórios frente à mineração/ Brasil
 
Palestrantes:
Bruno Milanez – Grupo Política Economia Mineração Ambiente e Sociedade (PoEMAS/UFJF) / Brasil
Marco Gandarilas – Centro de Documentación e Información Bolivia (CEDIB) / Bolívia
Martin Carcione – Multisectorial Contra la Fractura Hidraulica de Neuquen / Argentina
 
15:00 – Debates
16:00 – Intervalo
 
16:30 – Painel 2: Problematizando os instrumentos institucionais I: Licenciamento Ambiental e Termos de Ajustamento de Conduta
 
Debatedora:
Cristiana Losekann (Organon/UFES) / Brasil
 
Palestrantes:
Vinícius Papatella – Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais (Gesta/UFMG) / Brasil
Raquel Giffoni – Fórum dos Afetados pela Indústria do Petróleo e Petroquímica nas cercanias da Baia de Guanabara (FAPP-BG) / Brasil
Julianna Malerba – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE) / Brasil
 
18:00 – Debates
 
Sábado (08/11)
 
8:30 – Início das atividades
9:00 – Painel 3: Problematizando os instrumentos institucionais II: Convenção 169, Consulta Prévia e Suspensão de Segurança
 
Debatedora:
Bianca Dieli – Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) / Brasil
 
Palestrantes:
Rodrigo Oliveira – Centro de Informação da Consulta Prévia (CICP) / Brasil
Sandro Silva – Departamento de Ciências Sociais (DCSO/UFES e Comitê Quilombos da ABA) / Brasil
Melisanda Trentin – Justiça Global /Brasil
 
10:30 – Debates
11:00 – Intervalo
 
11:30 – Painel 4: Discutindo as estratégias de resistência como produção de alternativas I: Observatório das Ações Judiciais, articulação entre resistências e construção de alianças, cartografias e contranarrativas.
 
Debatedor(a): Mikaell Carvalho – Rede Justiça nos Trilhos / Brasil
 
Palestrantes:
Cristiana Losekann – Organon/UFES / Brasil
Maíra Mansur – Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale / Brasil
Tania Muñoz Cuevas – Observatorio de Conflictos Mineros de América Latina (OCMAL) / Chile
Alexandre Anderson – Associação Homens e Mulheres do Mar da Baía de Guanabara (AHOMAR) / Brasil
 
13:00 – Debates
13:30 – Almoço
 
14:30 – Painel 5: Discutindo as estratégias de resistência como produção de alternativas II: Experiências de resistências, restrição e proibição ao extrativismo mineral.
 
Debatedora:
Julianna Malerba – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE)/ Brasil
 
Palestrantres:
José Gomes – Assentamento Roseli Nunes/ Brasil e Vilmon Ferreira – FASE MT/ Brasil
Daniela Meirelles – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE)/ Brasil
Alexandra Almeida – Accion Ecológica/Oilwatch / Equador
Raimundo Hernandez – Assemblea de los Afectados Ambientales/ México
 
16:30 – Debates
17:30 – Intervalo
18:00 – Painel de encerramento
 
Domingo (09/11)
 
Regência (ES): visita a territórios impactados e às comunidades em resistência

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