Os ambientalistas capixabas discutirão os riscos de o Espírito Santo ter uma usina nuclear. A avaliação sobre o tema foi solicitada pelo presidente da Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), Mario Camillo.
O pedido foi aceito, e o tema será colocado em pauta na reunião da Juntos SOS ES Ambiental nesta quinta-feira (21), segundo informou o presidente da ONG, Eraylton Moreschi Junior.
A Juntos é formada pelas seguintes entidades: Federação das Associações de Moradores e Movimentos Populares do Espírito Santo (Famopes); Conselho Popular de Vitória (CPV); Associação dos Amigos do Parque da Fonte Grande (AAPFG); Instituto Porta Abertas (IPA); Associação dos Amigos da Praia de Camburi (AAPC); Família de Assistência e Socorro ao Meio Ambiente (Fasma); Pó Preto Vitória ES – Facebook; Acapema; Instituto Portas Abertas (IPA); Associação Nacional dos Amigos do Meio Ambiente (Anama); e Recicla Folia e Cidadão Capixaba.
O tema energia nuclear no Estado foi retomado com publicação no site PetroNotícias. O texto reporta à tese da Associação Brasileira de Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), de que o Brasil tem necessidade de construir pelo menos 12 usinas nucleares até 2050. A proposta conta com o apoio do ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga.
Os capixabas já correram o risco com a instalação de uma usina nuclear diversas vezes, com repetidos anúncios do governo federal. Rejeitaram projeto desta natureza pela primeira vez no final da década de 70, avançando nos anos 80.
Em 1979, os capixabas começaram uma grande batalha contra a implantação de uma usina nuclear em Aracruz, norte do Estado. Em plena ditadura militar, foram realizados atos públicos em Vitória, e realizada uma carreata da Grande Vitória para manifestação em Aracruz. Foram fretados ônibus, com passagem gratuita, para transporte de pessoas da comunidade.
O projeto não foi tocado, e o governo anunciou no início dos anos 80 que sua prioridade era as usinas de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
O presidente da Acapema rememorou o episódio de enfrentamento dos capixabas ao projeto dos governos militares. Também citou que mesmo em países com conhecimentos avançados sobre energia nuclear – Estados Unidos da América, Rússia e Japão, por exemplo – ocorreram acidentes nucleares.
Indaga o que pode acontecer no Brasil, considerando que a tecnologia comprada da Alemanha a preço de ouro, já era ultrapassada na década de 70.
Um outro detalhe, é que a relação custo/benefício da energia nuclear não torna o processo competitivo. A energia nuclear é cara, com manutenção complexa do sistema.