A Vale configura, entre as poluidora do Estado, como a que mais investiu, também, na nova formação da Assembleia Legislativa (Ales) para a próxima legislatura. Dos 30 deputados estaduais eleitos, 12 receberam verba da mineradora por meio de suas subsidiárias. A empresa dividiu as doações de campanha no nome e CNPJ de diversas empresas de sua propriedade. Pelo menos quatro subsidiárias diferentes são encontradas na prestação de contas dos eleitos para o legislativo estadual no Espírito Santo. Ao total, a mineradora investiu R$ 690,8 mil, somente nos candidatos eleitos.
Seguem a lista as empresas Aracruz Celulose (Fibria), que apareceu na prestação de contas de nove candidatos eleitos, e a ArcelorMittal, que é mencionada nos registros de quatro candidatos. A empresa de celulose investiu ao todo R$ 155 mil nos deputados eleitos e a siderúrgica R$ 145 mil.
Os deputados que contaram com a verba da Vale para garantir mais uma cadeira no plenário foram Hércules Silveira (PMDB), Guerino Zanon (PMDB), Padre Honório (PT), Marcelo Santos (PMDB), José Carlos Nunes (PT), Luzia Toledo (PMDB), Rodrigo Coelho (PT), Hudson Leal (PRP), Janete de Sá (PMN), Bruno Lamas (PSB), Gildevan Fernandes (PV) e Sandro Locutor (PPS).
A Aracruz Celulose financiou a campanha de Guerino Zanon, Josias Da Vitória (PDT), Eustáquio de Freitas (PSB), Padre Honório (PT), Luzia Toledo (PMDB), Euclério Sampaio (PDT), Gildevan Fernandes (PV), Erick Musso (PP) e Dary Pagung (PRP). Já a Arcelor financiou Josias Da Vitória, Luzia Toledo (PMDB), Bruno Lamas (PSB) e Sérgio Majeski (PSDB).
Hércules, além de ter recebido R$ 50 mil da Vale Manganês, dos quais R$ 25 mil foram por meio do deputado federal eleito Lelo Coimbra (PMDB), recebeu outros R$ 100 mil da Vale do Rio Doce Energia e R$ 85 mil da Mineração Corumbaense. Guerino Zanon recebeu R$ 98 mil da Vale do Rio Doce Energia, R$ 100 mil da Brametal, e R$ 30 mil da Aracruz. Marcelo Santos recebeu R$ 60 mil da Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), subsidiária da Vale, e Luzia Toledo recebeu R$ 50 mil da Arcelor, R$ 34,5 mil da Vale Rio Doce Energia, R$ 25 mil da Vale Manganês, R$ 30 mil da Mineração Corumbaense, R$ 20 mil da Aracruz e R$ 30 mil da Salobo Metais, outra subsidiária da Vale.
Padre Honório, novato na Casa, recebeu R$ 12,2 mil da MBR, por meio da candidatura a governador do deputado Roberto Carlos (PT), R$ 492 da Vale Energia, por meio da candidatura do deputado federal eleito Helder Salomão (PT), e R$ 10 mil da Aracruz. José Carlos Nunes recebeu R$ 1,78 mil da Vale Energia, por meio da candidatura de Helder Salomão; R$ 12,2 mil da MBR, por meio da candidatura a governador do deputado Roberto Carlos, e outros R$ 30 mil da mesma empresa, por doação direta. Rodrigo Coelho recebeu R$ 2 mil da Vale Energia, por meio da candidatura de Helder Salomão.
Já Josias Da Vitória (PDT) recebeu R$ 50 mil da Arcelor, R$ 20 mil da Aracruz e R$ 60 mil da Mineração Corumbaense. Euclerio Sampaio (PDT) recebeu R$ 20 mil da Aracruz e Eustáquio de Freitas (PSB) R$ 25 mil, enquanto Bruno Lamas (PSB) recebeu R$ 40 mil da ArcelorMittal, R$ 15 mil da Vale Manganês, pela candidatura a deputado federal de Paulo Foletto (PSB) e, pela mesma via, R$ 30 mil da MBR.
Hudson Leal (PRP) recebeu R$ 39,5 mil da Vale do Rio Doce Energia e Dary Pagung (PRP) recebeu R$ 15 mil da Aracruz. Janete de Sá (PMN) recebeu R$ 70 mil da MBR e R$ 20 mil da Salobo Metais. Sérgio Majeski (PSDB) recebeu R$ 5 mil da Arcelor, por meio da candidatura de Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) à Câmara dos Deputados.
Gildevan Fernandes (PV) recebeu R$ 15 mil da Aracruz e R$ 30 mil da Salobo Metais. Sandro Locutor (PPS) recebeu R$ 5 mil da Fertilizantes Heringer e R$ 30 mil da MBR. Erick Musso (PP) recebeu R$ 20 mil da Aracruz Celulose.
No ano passado, a Assembleia foi palco da tentativa de abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Pó Preto, assunto que envolve diretamente a Vale e a Arcelor. Entretanto, após lobby da empresa, sete deputados retirarem suas assinaturas do pedido de investigação, que foi arquivado.
A presença das poluidoras no mapa de doações resulta na omissão da classe política em relação aos graves problemas ambientais registrados no Espírito Santo, pelos quais responde também a Aracruz Celulose, responsável pelos extensos plantios de eucalipto no norte do Estado, que degradam o meio ambiente e espalham miséria nas comunidades indígenas e quilombolas do norte do Estado.