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Venda da Vale ‘a preço de banana’ completa 24 anos

MAB mantém viva consulta popular que pede anulação do leilão em que a mineradora foi vendida por valor irrisório

MAB

“24 anos de um dos maiores crimes contra o Brasil”. É como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) marca a data de aniversário do leilão que privatizou a Companhia Vale do Rio Doce, em sete de maio de 1997, durante o governo Fernando Henrique Cardoso e seu ministro do Planejamento José Serra.

Apesar dos protestos de ampla parcela da população, a mineradora foi vendida ao controle do banco Bradesco e do capital internacional. Na época, a expressão “a preço de banana” foi largamente utilizada para repudiar o valor irrisório de R$ 3,3 bilhões pagos pela compra da até então principal estatal brasileira, ao lado da Petrobras. O valor, sublinha o MAB, não cobria o patrimônio de mais de cem produtos minerais e de reservas estratégicas, como nióbio e manganês.

“Um crime contra o Brasil”, afirma a entidade. Desde então, descreve, “o que vimos foi uma exploração acelerada para exportação de minério de ferro bruto, sobretudo em Carajás (PA), e a falta de preocupação com a população e com o meio ambiente, como assistimos nos trágicos crimes em Mariana e Brumadinho”.

Nesta data, o MAB ressalta ainda que segue vivo o trabalho pedagógico iniciado em 2007, quando uma consulta popular pela anulação do leilão da Vale obteve três milhões de votos. O plebiscito, afirma, “revelou como mineradora é o símbolo de nossa condição atual: exportadora de matérias-primas, sem incorporação de valor e tecnologia, arcando com o passivo ambiental e humano e sem qualquer soberania nesse processo”.

Lucro recorde

Uma semana antes do 24º aniversário do leilão de privatização, o Sindicato dos Ferroviários do Espírito Santo e Minas Gerais (Sindfer) lançou uma Carta Aberta ao Conselho de Administração da Vale, aos seus acionistas minoritários e aos demais 12 sindicatos que atuam na mineradora em todo o Brasil, conclamando a união das 13 entidades sindicais em uma reivindicação para que a Vale conceda apoio emergencial na alimentação dos trabalhadores de suas plantas industriais no país e das comunidades impactadas por suas atividades.


Chamada de “jornada solidária, humanista e supra sindical”, a iniciativa foi lançada na última quinta-feira (29), após a divulgação do resultado financeiro da mineradora neste primeiro trimestre de 2021, em que o lucro líquido obtido entre janeiro e março foi de R$ 30 bilhões (5,546 bilhões de dólares), em plena pandemia. A fantástica cifra, destaca a Carta Aberta, nunca havia sido alcançada antes, sendo equivalente a um aumento de 2.220% em relação ao mesmo período de 2020.

Relatório de Insustentabilidade

Paralelamente ao chamado do Sindfer, a Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale disponibiliza o Relatório de Insustentabilidade da Vale 2021, o quarto de uma série que a Articulação vem produzindo desde 2010.

A publicação, também chamada de relatório espelho, confronta e desconstrói, com dados, as informações divulgadas pela Vale em seu Relatório de Sustentabilidade, que a empresa publica anualmente, e por meio do qual procura divulgar aos seus acionistas e para a sociedade em geral sua suposta responsabilidade socioambiental.

Entre os pontos críticos do relatório espelho de 2021, a Articulação destaca: a explosão de casos de contaminação por Covid-19 nos territórios onde a Vale atua, desrespeitando normas sanitárias e expondo funcionários e populações locais ao adoecimento; a saída da empresa de territórios que explorou por anos, deixando para trás impactos socioambientais, dívidas e violências nunca reparadas; a estratégia de terceirização massiva usada pela transnacional para ampliar lucros à custa da precarização da vida dos trabalhadores; e o racismo da empresa, que elege territórios de populações negras e originárias para instalar suas operações altamente poluentes e devastadoras.

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