Na próxima terça-feira (22), a acadêmica paulistana irá relatar experiências bem-sucedidas em São Paulo e outras cidades do Brasil e da América do Sul, onde o monitoramento da qualidade do ar, bem como a devida divulgação transparente dos resultados obtidos, foram fundamentais para o controle da poluição atmosférica.
“O monitoramento é importante porque garante que as políticas de controle de poluição sejam implementadas”, afirma Maria de Fátima, ressaltando o caso de São Paulo, onde o monitoramento iniciado na década de 1970 foi fundamental para a criação, dez anos depois, do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve), inicialmente implementado na capital paulista e, em seguida, em todo o país.
Outras redes importantes em funcionamento, destaca, estão no Rio de Janeiro e Porto Alegre. Na América do Sul, a Argentina chama atenção pela baixa cobertura, apenas em Buenos Aires, sendo o Chile a mais abrangente.
Em nível mundial, a China é um bom exemplo mais atual, onde o monitoramento tem permitido reduzir consideravelmente o nível de poluição do ar, depois de atingir níveis alarmantes.
No caso capixaba, comenta, as principais particularidades são a proximidade com fontes industriais – Vale e ArcelorMittal – e a dificuldade em se identificar a origem dos poluentes, se das indústrias ou outras fontes urbanas.
E uma característica idêntica às demais cidade, é a necessidade do envolvimento da sociedade, “participando mais, cobrando, sabendo da relevância do controle ambiental”, recomenda.
Também como em outros pontos do planeta, é preciso que os dados do monitoramento sejam disponibilizados para a pesquisa científica e para o público, sendo que para os cientistas, os dados devem ser entreguem “com a maior resolução possível, todos os dados”, e para a sociedade, é preciso “compará-los com os padrões legais de qualidade do ar e seus impactos sobre a saúde”.
Identificação das fontes
Ainda sobre as especificidades da Grande Vitória, Maria de Fátima destaca a importância do monitoramento da poeira sedimentável, que inclui o famoso pó preto, mas enfatiza a urgência de se implementar tecnologias já existentes que permitem identificar a composição e a origem das partículas que formam o famigerado pó.
“Todo os estudos que já foram feitos pra tentar elucidar essa dúvida não identificam completamente, mas já existem tecnologias que podem ser aplicadas pra ajudar nessa identificação”, recomenda.
Tais estudos, ressalta, levam muito tempo e precisam ser permanentes e ágeis. Atualmente, ao contrário, os levantamentos são demorados e a divulgação, mais ainda, o que só favorece a impunidade dos poluidores. “Na prática, o que eles querem é ganhar tempo”, alerta.
O potencial de transformação da realidade da Grande Vitória, a partir da aplicação de tecnologias mais avançadas na identificação da origem da poluição e da maior participação social no controle da qualidade ambiental, são favorecidos pela presença do Departamento de Engenharia Ambiental da Ufes, frisa a pesquisadora. “A Escola de Engenharia reúne todas as capacitações, com pessoal e infraestrutura analítica necessários para o trabalho”, diz.
Dever constitucional
O projeto é organizado pelo Núcleo de Estudos da Qualidade do Ar do Departamento de Engenharia Ambiental da Ufes e objetiva informar a sociedade em geral e a comunidade universitária sobre o desenvolvimento da ciência e tecnologia no tema na Engenharia Ambiental.
Para a Juntos, é uma forma de favorecer a participação da sociedade no controle e melhoria da qualidade do ar na região metropolitana da Grande Vitória, atendendo ao “dever constitucional (Art. 225) de ‘garantir um meio ambiente equilibrado para as presentes e futuras gerações’”, convoca.
Serviço:
Ciclo de palestras em Qualidade do Ar em ambientes urbanos: Ciência e Tecnologia & Sociedade
Tema: Importância do monitoramento da qualidade do ar na RMGV
Data: Terça-feira, 22 de Maio, de 9h às 12h
Local: auditório do Centro de Ciências Exatas (CCE)
Programação:
9h: Abertura
9h30: Palestra da professora Maria de Fátima Andrade da Universidade de São Paulo sobre monitoramento da qualidade do ar em grandes cidades do Brasil e da América do Sul e sua importância para os estudos científicos
10h15: Palestra de representante da sociedade civil sobre a importância da divulgação das informações sobre a qualidade do ar para a população
10h30: Palestra de representante do IEMA sobre a RAMQAR, sua estrutura, deficiências e soluções
10h45: Mesa redonda com participação do setor industrial, órgão ambiental, sociedade civil e academia