Ativista também foi da oposição sindical dos ferroviários na ditadura
Faleceu na tarde desta sexta-feira (31) João Rafael Scárdua, um dos fundadores da Central Única dos Trabalhadores no Espírito Santo (CUT/ES). Vitimado por uma pneumonia, ele estava internado no Hospital Santa Bárbara, em Mário Cypreste, Vitória. O velório será neste sábado (1), a partir das 8h30, no cemitério de Santo Antônio. O sepultamento, no mesmo local, às 15h.
João Rafael atuou em vários espaços. Durante a Ditadura Militar, foi uma das lideranças da oposição sindical dos ferroviários. Intitulado de Araçá, o grupo lutava para tirar o Sindicato dos Ferroviários dos Estados do Espírito Santo e Minas Gerais (Sindfer) das mãos da diretoria atrelada aos interesses dos patrões e do governo ditatorial.
Conforme recorda a presidente da CUT/ES, Clemilde Cortes, sua militância no movimento sindical custou caro, já que, ao mobilizar os trabalhadores para uma greve na década de 80, foi demitido da Companhia Vale do Rio Doce, hoje Vale, onde trabalhava. A oposição sindical chegou a vencer as eleições, mas João Rafael não esteve na diretoria por não mais pertencer à categoria.
O ativista também foi educador popular e um dos protagonistas da criação da Articulação Nacional de Movimentos Populares e Sindicais (Anampos) no Espírito Santo, considerada um dos embriões da CUT, uma iniciativa de congregar as várias formas de luta por um projeto democrático e popular para o país. Com a criação da Central, João Rafael fez parte da primeira gestão, presidida por João Coser (PT).
João Rafael fez parte da Pastoral Operária da Arquidiocese de Vitória, foi assessor político do Sindicato dos Comerciários do Espírito Santo, uma das principais lideranças do Movimento Lula Livre no Espírito Santo, diretor da CUT/ES de 2019 a 2023. Atualmente era diretor do Sindicato Nacional dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas e Idosos Seccional Estatual de Base no Espírito Santo (Sintapi/ES). “Muita gente que está hoje no movimento sindical chegou pelas mãos do Rafael. Ele abria nossos olhos para a questão da cidadania e dos direitos. Fez muito pelos movimentos sociais e pelas pessoas”, diz Clemilde.
