A vitória do ex-governador Renato Casagrande (PSB) ao governo do Estado já é considerada como favas contadas no cenário político, ressalvada a advertência do ditado popular que diz que de cabeça de juiz, de bunda de neném e de urna eleitoral ninguém sabe o que sairá.
Apesar da cautela com que a frase é pronunciada, os movimentos do bloco palaciano demonstram o acerto da afirmativa, que se sustenta na liderança do ex-governador em todos os cenários do processo eleitoral, com ou sem a participação de Hartung na disputa, como revelam as pesquisas divulgadas até agora.
O grupo busca encontrar uma saída que o mantenha unido e passe a imagem de que o governador Paulo Hartung está fora das articulações partidárias. Nesse vai-e-vem dos escalados para encarar a difícil tarefa de uma derrota anunciada, os interlocutores do governo, até então, só encontraram César Colnago (PSDB) ou Aridelmo Teixeira (PTB).
A escolha fica na conta do “não tem ninguém, vai assim mesmo”, pois a estratégia é garantir pelo menos um segundo turno, atraindo a senadora Rose de Freitas (Podemos) para tentar evitar o pior. Afinal de contas, não existe outra saída para o bloco hartunguista.
Para os dois pré-candidatos ao governo, Colnago e Aridelmo, que podem ser consagrados quando esta coluna ainda estiver no ar, nada mal. Ganham densidade eleitoral na campanha e se mantêm no cenário com algum destaque.
Colnago sai de uma campanha minguada à Câmara Federal para uma dimensão maior, que pode lhe dar condições para alçar outros voos, quem sabe a Prefeitura de Vitória em 2020. Aridelmo, estreante na política e representante maior no Espírito Santo do americanismo que assola o Brasil, tem asas curtas e, por isso, voa baixo.
Ao mesmo tempo, os bastidores do cenário político revelam a construção de canais capazes de estabelecer sistemas defensivos para o temido dia seguinte que virá, inevitavelmente, a partir de janeiro de 2019, com a posse do novo governante.
Um desses canais é a indicação para uma vaga no Tribunal de Contas do Espírito Santo, em substituição ao conselheiro afastado José Antonio Pimentel, aposentado a partir do dia 12 deste mês, com proventos integrais. O mais cotado é o atual líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Rodrigo Coelho (PDT), o que garantirá a Hartung a maioria dos votos no colegiado. E ele vai precisar muito, a partir de 2019.
O cenário é sombrio para o grupo palaciano, que agora se volta com toda a força para eleger uma boa bancada de estadual e de federal, além dos dois senadores. Não é tarefa fácil e, no final das contas, vai deixar muita gente, inclusive alguns cotados para vice, falando sozinho.