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​’A esperança em Bolsonaro morreu’, diz porta-voz dos caminhoneiros autônomos

Cláudio Oliveira critica a política de preços da Petrobras e aponta falhas na greve dos caminhoneiros   

Leonardo Sá

Dois dias depois do anúncio de uma greve que prometia paralisar o país, que foi desarticulada ainda no nascedouro nessa quarta-feira (28), o diretor do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), Cláudio da Costa Oliveira, um dos porta-vozes dos caminhoneiros autônomos, afirmou nesta quinta-feira que a categoria não irá apoiar a campanha do presidente Jair Bolsonaro à reeleição e enfatizou: “A esperança morreu, pois o governo quer mesmo acabar com o caminhoneiro”.

Uma das mais fortes bases de apoio de Jair Bolsonaro, os caminhoneiros não acreditam mais que o governo vá fazer alguma coisa para equilibrar os preços dos combustíveis, do gás de cozinha e da tabela de frete, segundo Cláudio, também engenheiro aposentado da Petrobras e crítico da política de preços praticada pelo governo, que reside em Guarapari.

Para ele, essa situação vem desde o governo Dilma, com o leilão do poço de Libras na bacia de Santos, agravada com a manutenção da política de preços de paridade internacional, que faz com que os preços praticados pela Petrobras dependam dos preços do óleo, dos derivados e da taxa de câmbio. “Os caminhoneiros não vão apoiar Bolsonaro nem vão apoiar o PT”, afirma, apontando a tendência para as eleições de 2022.

Questionado sobre o que mudou desde a greve deflagrada em 2018, que ajudou a eleição de Bolsonaro, ele explica que, naquela época, houve o apoio dos empresários de transporte, que hoje furaram a greve. Admite que há um sentimento de perda na categoria, que não espera mais nada do atual governo.

“A decepção é total, agora acabou, o caminhoneiro não vai mais apoiar Bolsonaro; não acredita que ela vá fazer coisa nenhuma”, comenta. Ele afirma que “tem gente que se diz representante do caminhoneiro que está lá para bater palma para o governo, que está lá junto com o ministro Tarcísio [Gomes de Freitas, engenheiro militar e ministro de Infraestrutura] e eles ganham dinheiro com isso”.

O caminhoneiro autônomo está cansado disso, afirma, apontando para o descaso dos responsáveis pela política de preços e os desdobramentos na sociedade. “O ministro sabe disso, eles sabem disso, e não estão nem aí, pois colocam o gás a R$ 100 reais. Quem bota o gás a R$ 100 é porque não respeita o povo, não quer saber. Que se dane o caminhoneiro também. Só que ele ficou muito tempo na esperança. Mudou o presidente da Petrobras e o que mudou? Mudou nada e agora estão vendendo tudo”.

Refere-se ao desmonte da Petrobras para favorecer grandes corporações multinacionais, principalmente a Shell e a Esso. “Acabaram de vender a Gaspetro, para a Shell também, que está tomando conta de tudo. Esse ministro Tarcísio é garoto propaganda da Shell. Não tem ninguém para defender o Brasil”, desabafa.

O engenheiro ressalta que a “Petrobras está enchendo o caixa porque não paga participação especial nem Imposto de Renda nenhum. A empresa alcançou um nível de produtividade que é o maior do mundo, mas passa tudo para seus acionistas e não para o povo brasileiro”. Cláudio citou como exemplo um poço de petróleo descoberto pela Petrobras na década de 70, que foi nacionalizado, e a retomada das refinarias da Petrobras na Bolívia no governo do então presidente Evo Morales.

Opinião

Em artigo publicado no jornal da Associação doe Engenheiros da Petrobras, Cláudio Oliveira afirma: “Ontem [27/7] a Petrobras anunciou a venda da Gaspetro para a Compass Gás e Energia S.A. Como a Compass pertence à Cosan, significa que quem realmente está comprando é a Royal Dutch Shell, que, ao que tudo indica, logo estará ocupando todos os espaços que um dia foram da Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras, em território nacional”.

E destaca: “Os caminhoneiros autônomos foram um dos principais apoios recebidos por Jair Bolsonaro para sua eleição. Bolsonaro sabia disto e, durante a campanha, prometeu atender suas principais reivindicações. 

Disse também que a política de preços da Petrobras, Preço de Paridade de Importação- PPI, era um absurdo e seria modificada. Assumiu o poder e nada fez”.

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