Marcos Daniel aponta falta de denúncia contra o vereador, enquanto aguarda citação da Corregedoria
A conotação do processo de cassação do mandato do vereador de Vitória Chico Hosken (Podemos) é muito mais política do que jurídica, no entendimento do advogado Marcos Daniel, à frente da defesa, cuja tese é de que não existe acusação específica contra seu cliente, que, como suplente, ocupa a vaga aberta com a prisão e afastamento das funções do titular, Armandinho Fontoura (Podemos).
O parlamentar foi afastado em dezembro de 2022 por envolvimento em atos contra a democracia, ofender a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e fazer parte de uma milícia digital para disseminar notícias falsas. Hosken assumiu o cargo em janeiro deste ano e, em abril, foi alvo de uma denúncia de que teria feito uma “armação” para tirar Armandinho do cargo, por falta de decoro.
Nesta terça-feira (9), o advogado dele disse a Século Diário que ainda não recebeu a citação formal de seu cliente, a fim de, no prazo de 10 dias, apresentar a defesa prévia.
Marcos Daniel acredita que não há justificativa para a admissibilidade do processo, anunciada pelo corregedor-geral da Câmara de Vitória, Leonardo Monjardim (Patri), no último dia 5. “Na verdade, falta uma acusação”, reitera.
Chico Hosken foi denunciado por meio de uma representação do cantor Neno Bahia, segundo suplente do Podemos na Câmara. Ele afirma que Washington Gomes Bermudes, da assessoria do gabinete de Chico Hosken, induziu Sandro Luiz da Rocha a assinar um documento pedindo a cassação de Armandinho Fontoura. Sandro alegou em depoimento “ter sido enganado e assinado o documento sem ler”.
Para Marcos Daniel, Sandro Luiz da Rocha assinou o documento envolvendo Armandinho Fontoura. “Não é verdade que Sandro assinou por engano. Ele sabia o que estava fazendo”, comenta o advogado, e destaca: “Dada a repercussão do caso, ele se arrependeu e voltou atrás”. Mesmo assim, complementa, a acusação é contra um servidor do gabinete de Chico Hosken, o Washington Gomes Bermudes.
Caso o processo de Chico Hosken prossiga, esse servidor será chamado a depor como testemunha, a fim de esclarecer a versão de que enganou Sandro Luiz da Rocha, induzindo-o a assinar o documento que gerou o processo de cassação do mandato de Armandinho.