O secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, se pronunciou em suas redes sociais sobre a revogação de seu título de Cidadão Vitoriense, aprovada nessa terça-feira (22) pela Câmara de Vitória. O gestor compartilhou a matéria de Século Diário sobre o assunto e afirmou que “alguns se equivocam e não guardo rancor, estou à disposição do bem sempre”.
O título foi concedido pela vereadora Karla Coser (PT), por meio do Decreto 1597/2021. Além de Karla, Camila Valadão (Psol), Luiz Paulo Amorim (PV), Aloísio Varejão (PSB) e Duda Brasil (PSL) votaram contrários à revogação, proposta pelo vereador bolsonarista Gilvan da Federal (Patri).
Em suas redes sociais, Nésio Fernandes também homenageou Karla Coser (PT), reafirmou seu posicionamento em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e da ciência, apresentou dados da imunização no Espírito Santo e criticou os contrários ao passaporte sanitário.
Ao se referir à vereadora, afirmou que a homenageava “por toda expressão de carinho em sua trajetória no mandato parlamentar”, acrescentando que dela “nasce sensibilidade às causas sociais, aos vulneráveis” e que “sua fonte é de água doce, dela não pode sair água salgada”. Ele disse ainda que “há poucos líderes escarnecedores que preferem trocar fontes de água por cloacas de esgoto”, não sendo merecedores de “nossa espada e nem nossas flores. Deles nascem impropérios, palavrões, ofensas, ameaças e discursos de ódio”.
Nésio ressaltou que Karla “é vereadora da capital que representa a decisão do povo vitoriense: 98% do total da população da capital vacinada com D2 e já temos 51% com D3”. Ele acrescentou que 93% dos adolescentes da Capital estão imunizados com a D1 e 73% com a D2. Entre as crianças de cinco e 11 anos, 46% já se vacinaram com a primeira dose.
“Sua atuação parlamentar está em sintonia com as pessoas de todos os estratos sociais que já se vacinaram, você defende a decisão de muitos, da maioria”, completou o secretário, que ainda afirmou ser “inaceitável como na capital da vacina tenha alguém com coragem de gritar tanto e todo o tempo contra um cartão de vacina”.
O gestor destacou que o título recebido por ele “foi um reconhecimento da obra construída pelo governo liderado por Renato Casagrande no enfrentamento à pandemia”, e que aposta “na ciência, no fortalecimento do SUS e em muitas entregas ao povo capixaba”.
Após a aprovação, Karla Coser defendeu que a revogação do título é um desrespeito a sua autoridade legislativa e manifestou seu “pedido de desculpas ao secretário Nésio Fernandes pelo absurdo de hoje”. Para a vereadora, a aprovação é “assinar um cheque em branco para que os poderes dados a nós diminuam a cada dia”.
A vereadora disse ainda ter “muito orgulho de ter concedido esse título de Cidadão Vitoriense” e que sempre respeitou outras homenagens, mesmo sem concordar, como a honra ao mérito à ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, embora “ela tenha se esforçado para que uma menina vítima de violência tivesse seu direito constitucional desrespeitado”, referindo-se à criança de 11 anos, de São Mateus, norte do Estado, que engravidou após um estupro, e teve que fazer a interrupção da gravidez em Pernambuco.
O argumento de Gilvan para justificar a revogação da homenagem é “a infundada, generalizada e grave alegação contra os parlamentares da Câmara de Vitória/ES”. O vereador se baseia em um vídeo que Nésio publicou em suas redes sociais um dia depois da aprovação do Projeto de Lei 174/2021, também de autoria de Gilvan, que proíbe a exigência do passaporte vacinal em estabelecimentos da Capital.
“Alguns grupos extremistas, de extrema direita, e alguns que escondem seu negacionismo, sua posição antivacina na polêmica e na intensidade, nos gritos e no financiamento de assessores para ocupar Câmaras de Vereadores em nosso Estado, escondem suas posições antivacina na narrativa contra o passaporte vacinal, medida sanitária adotada praticamente em todo o mundo civilizado, uma medida que ajuda a reduzir o risco de infecção, que tenhamos ambiente mais protegido e garante que toda população esteja atenta e disciplinada para que seu calendário de vacinação esteja atualizado e em dia”, pontuou o secretário, sem nem ao menos citar a Câmara de Vitória.