Com cartazes, bandeiras e palavras de ordem, grupo foi até a Praça do Papa neste domingo, onde ocorria manifestação bolsonarista
Na esteira das manifestações nacionais, um grupo de cerca de 50 manifestantes antifascistas realizou neste domingo (31) um ato contra Jair Bolsonaro e suas políticas, nas proximidades da ação marcada pela militância de extrema-direita em apoio ao presidente, que teve início às 14h na Praça do Papa, em Vitória.
Com faixas, bandeiras, sinalizadores e palavras de ordem, mas mantendo distância, o grupo assustou os bolsonaristas, que clamaram para que seus apoiadores se juntassem para perto do carro de som de comando do ato convocado pelos movimentos Direita Vitória, Direita Vila Velha, Mulheres de Direita ES e Ação Brasil, com o slogan “Repúdio total ao inquérito inconstitucional”, contra as investigações contra o presidente e sua família. Embora o chamado clamasse por uma “mega manifestação”, a mobilização juntou pouco mais de 200 pessoas.
As faixas do ato em oposição aos bolsonaristas diziam “Somos democracia” e “Vidas acima do lucro – Fora Bolsonaro e Mourão”. Enquanto isso, ao microfone, as forças de extrema-direita chamavam o governador Renato Casagrande de comunista, defendiam o uso de cloroquina e pediam o fim do isolamento social horizontal e não decretação de “lockdown”.
“Com fascistas não devemos ter tolerância, devemos combater”. Entendemos que o distanciamento social é mais que necessário nesse momento, mas não podemos deixar os fascistas ganharem espaço! Todos os cuidados foram tomados e o recado foi dado! Fascista não se cria aqui”, postou o grupo em redes sociais.
A Polícia Militar acompanhou de longe a manifestação antifascista, que permaneceu por cerca de 30 minutos na Praça do Papa e seguiu em direção ao pedágio da Terceira Ponte e terminou na Curva da Jurema, sem nenhum confronto ou incidente registrado.
Segundo participantes do ato antifascista, a ação deste domingo não foi divulgada publicamente e foi a primeira de outras que podem vir.
No domingo, outras manifestações pela democracia e contra o fascismo e a extrema-direita ocorreram no Brasil, em cidades como Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo, onde a polícia reprimiu os manifestantes e houve confronto.
Em São Paulo, grupos contra e a favor do presidente Jair Bolsonaro fizeram atos no início da tarde, na avenida Paulista, em São Paulo, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). A tropa de choque da Polícia Militar impediu um confronto entre manifestantes e houve forte repressão ao grupo contrário ao governo.
Os militares atiraram bombas de efeito e realizaram mais de 100 prisões. O grupo antifascista usava roupas pretas e gritava “Democracia” e alguns integrantes afirmaram ser integrantes de torcidas organizadas do Palmeiras, do Corinthians, Santos e do São Paulo. No Rio, da mesma forma, ocorreu enfrentamento entre manifestantes e policiais militares.
STF
Um dia depois de bolsonaristas promoverem um ato de protesto em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, usando máscaras, o decano do STF, ministro Celso de Mello, enviou mensagem aos demais ministros da Corte em que afirma que a intervenção das Forças Armadas, como pedem as manifestações que vêm sendo organizadas em apoio ao governo do presidente Jair Bolsonaro, na verdade “desprezam a liberdade e odeiam a democracia” e nada mais querem “senão a instauração, no Brasil, de uma desprezível e abjeta ditadura militar!!!!”. A informação foi dada pela jornalista Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo.
O magistrado, que é relator do inquérito que investiga as acusações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro contra Bolsonaro, sobre tentativas do presidente de interferir politicamente na Polícia Federal, compara em sua nota o atual momento social e político no Brasil com o da Alemanha sob Adolf Hitler.