Café da manhã com Casagrande causou alvoroço entre grupos que concorrem às eleições de outubro
A Convenção das Assembleias de Deus no Estado do Espírito Santo e Outros (Cadeeso), a cereja do bolo de políticos na busca por um reduto eleitoral, com cerca de 400 mil votos potenciais, está no centro de um atrito entre grupos de evangélicos que concorrem a cargos nas eleições de outubro. Tudo começou com a repercussão em torno de um café da manhã do governador Renato Casagrande (PSB) com a diretoria da instituição, no último dia 22, divulgado em primeira mão por Século Diário.
De outro lado, no mercado político surgiu a denúncia de cargos comissionados do governo ocupado por pastores da Cadeeso, confirmada no Portal da Transparência. Rafael Souza Ferreira dos Santos, presidente da Comissão de Assuntos Políticos (Comap), e Gersílio Ribeiro Nascimento, secretário da entidade, recebem salários brutos, respectivamente, de R$ 5,5 mil, referente à função de assessor especial nível 2, e R$ 11,4 mil, assessor especial nível 4.
O pastor Gersílio confirma o cargo comissionado e corrige os valores divulgados por “um grupo interessado em manchar um trabalho de mais de 30 anos como pastor presidente de igreja em Vila Velha”. Informou que percebe mensalmente do governo pouco mais de R$ 5 mil, que foram acrescidos de 13º salário e outras vantagens.
Ele diz que não tem ligação com o governador Renato Casagrande, apesar de admirá-lo, e sim com o deputado federal Neucimar Fraaga (PSD), com quem trabalhou na Câmara Federal. “Esse pessoal quer demonizar o governador, dizendo que ele vai apoiar o Lula”, afirma o pastor.
“Tenho cargo comissionado muito antes de assumir função na Cadeeso, desde 2009”, explica o pastor Rafael Ferreira, que é filiado ao PSC, e acrescenta: “Já trabalhei para o ex-deputados Euclério Sampaio (atual prefeito de Cariacica, do União Brasil), Esmael de Almeida (hoje assessor da Assembleia Legislativa), vereador Davi Esmael [PSD], participei da campanha a prefeito do deputado Gandini [Cidadania], fui candidato a vereador, e também sou alinhado ao partido o governador Casagrande”.
Para Rafael, essas denúncias “tendem a cair no vazio, porque nada de errado existe, até porque exerço meu trabalho como cidadão, cumpro carga horária normalmente e, se amanhã Cadeeso vier a apoiar um candidato, não será por esses meios”.
Nessa quinta-feira (3), o pastor Arnaldo Candeias, presidente da Cadeeso, enviou uma comissão formada por Rafael e os evangelistas Victor e Thiago Vidal, para um encontro com Casagrande, para reforçar a argumentação de que não se tratava de apoio político. Posaram para fotos, divulgadas posteriormente como notícias de bastidores por fontes do governo e também da Cadeeso.
As postagens na internet, uma delas enviadas a Século Diário, informam: “(…) em momento algum a pauta do café foi sobre as eleições deste ano, até porque o governador não se declarou como pré-candidato à reeleição. Em contrapartida, a Cadeeso reafirma que o diálogo com o governo Renato Casagrande é muito bom, pois sempre que necessário somos atendidos”.
Motivo de alvoroço no bloco do pré-candidato ao governo Carlos Manato e do ex-senador Magno Malta, ambos do PL, segundo os bastidores políticos, o encontro repercutiu negativamente e envolveu os meios evangélicos e assessores do Palácio Anchieta, que se apressaram a enviar postagens e sites reforçando que o café da manhã não representa qualquer apoio político-eleitoral a Casagrande.
Alinhados do presidente Jair Bolsonaro, como praticantes da fé evangélica, se sentem abandonados, como circula no mercado, e pressionam a diretoria da Cadeeso para que fique esclarecido que o encontro nada teve a ver com apoio eleitoral, considerando que o governador é apontado como candidato à reeleição.