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Audifax rejeita rótulo de dono da Rede e diz que sai do PSB ‘sem briga’

Fotos: Leonardo Sá/ Porã

Acompanhado pelos porta-vozes da Rede Sustentabilidade no Estado, Gustavo De Biase e Alessandra Machado, o prefeito da Serra, Audifax Barcelos, reuniu a imprensa na tarde desta terça-feira (29) em um hotel na Serra para anunciar sua desfiliação do PSB. A tão esperava filiação à Rede, porém, só acontecerá nesta quinta-feira (1), já que o prefeito faz questão que a própria presidenciável Marina Silva abone sua ficha no novo partido.

Ele irá ao encontro da presidenciável e na ocasião vai convidá-la para participar de um evento partidário na Serra, município em que ela venceu a disputa presidencial em 2014 no Espírito Santo.

As conversas com Marina também aconteceram durante todo o processo e também houve um encontro na semana passada, quando o prefeito foi recebido na casa de Marina para conhecer outras lideranças nacionais da Rede. Durante a visita, conversaram sobre vários assuntos, inclusive, religião e como não usá-la com fins eleitorais.  

Esse processo de filiação, porém, deve acontecer até sexta-feira, já que para disputar as eleições do próximo ano, Audifax tem que se filiar a um partido até um ano antes da eleição de 2016. Além do prefeito, dois vereadores serranos também já confirmaram que estão migrando para a Rede, Rodrigo Caldeira, que recentemente deixou o SD, e Alexandre Xambinho, oriundo do PTdoB. Audifax afirmou que até o fim da semana outros dois vereadores da Serra devem ingressar no novo partido.

Questionado sobre o clima de desfiliação, Audifax disse que deixa o PSB “sem briga”. Disse que está indo para a Rede pelas mãos de Marina Silva, mas de ninguém do Estado. Ele afirmou ainda que nessa segunda-feira (29) se reuniu com o presidente do PSB da Serra, deputado Bruno Lamas e lideranças socialistas do partido para uma conversa. Ele se despediu do partido e agradeceu pelo apoio enquanto pertenceu aos quadros do PSB. À noite se reuniu com o ex-governador Renato Casagrande e lideranças estaduais do partido, reforçando a saída diplomática.

Audifax lembrou que disputou a eleição de 2010, quando foi o deputado federal mais bem votado do Estado, e ajudou na captação de votos para a coligação e também recebeu o mesmo apoio na disputa pela prefeitura da Serra. Disse, porém, que vinha conversando com Marina Silva desde o ano passado e escolheu a Rede por identificação com os ideais do partido.

Embora seja uma proposta nova, ele se disse disposto a aprender e ajudar na construção do partido no Estado e também em nível nacional. Disse que vem conversando com deputados federais que foram contemporâneos seus com o objetivo de angariar novos quadros para o partido.

O prefeito tentou passar a ideia de que não entra no partido para chefiá-lo, embora seja a liderança estadual de maior capital político a entrar para a nova sigla até aqui. Destacou que o partido não tem presidente e que as decisões são tomadas em colegiado. Mesmo assim, a tendência para os meios políticos é de que o prefeito tenha ascedência sobre o partido no Estado. À frente da Rede, Audifax terá condições de igualar seu poder político com seu principal adversário na Serra, o deputado federal Sérgio Vidigal, que controla o PDT há anos no Espírito Santo.

Audifax também foi perguntado sobre a atração de outras lideranças do PSB para a Rede e ele disse que se for seguido por outras lideranças será um processo natural. Afirmou que não estaria tentando retirar quadros do PSB e que a Rede vai atrair lideranças de vários partidos.

Segundo a porta-voz do partido, Alessandra Machado, não há problemas em conviver com quadros oriundos de outros partidos de campos políticos diferentes, já que a Rede fará uma escolha criteriosa de suas lideranças. O partido vai buscar nomes que se identifiquem com a ideologia do partido que vai surgir. Embora haja a possibilidade de embates internos, as decisões devem ser tiradas pelo consenso.

O prefeito também destacou a filtragem das lideranças, já que a Rede surge no momento em que os pretensos candidatos às eleições de 2016 buscam uma alternativa partidária para as acomodações eleitorais. Ele destacou a identificação dos interessados com a ideologia do partido e chamou a atenção para a análise das intenções e da história das lideranças que buscarem abrigo na Rede. Os organizadores do novo partido afirmam que querem evitar que a Rede se transforme em mais um partido que surge no processo pré-eleitoral para abrigar lideranças em busca de acomodação.

O trabalho não será fácil, já que muitas lideranças veem na Rede uma tábua de salvação para sair de suas siglas sem serem alcançadas pela lei de fidelidade partidária. Embora haja na minirreforma eleitoral aprovada pelo Congresso, a janela partidária a ser aberta em abril para mandatários, o prefeito Audifax alerta para o perigo de se confiar nesse atalho, já que isso depende da sanção presidencial para ser confirmada. Por isso, a Rede trabalha, segundo ele, com filiações até sexta-feira (2) para garantir que suas lideranças não tenham problemas em disputar a eleição de 2016.

O porta-voz do partido, Gustavo De Biase, afirmou que a princípio não há restrição de alianças para a Rede em 2016. Mas a presidenciável Marina Silva dá a linha pela qual deve caminhar o partido em entrevista ao jornal O Globo desta terça-feira. Ela afirma que os projetos do PT e do PSDB estão superados e que a Rede deveria evitar ou analisar bem as alianças com esses partidos no País. A definição, segundo De Biase, deve sair no encontro nacional do partido, em novembro próximo.

Sobre a relação da Rede com o governador Paulo Hartung (PMDB), o prefeito destacou o viés institucional. “Sou prefeito de um município que contribui com 20% do PIB do Estado, então a relação já existe”. Sobre a relação política, ele se limitou a dizer que é boa que vai continuar assim.

Quanto ao projeto de poder do partido, Audifax destaca que isso será construído sem pressa. A Rede vai trabalhar primeiro para ter chapas completas de vereadores e candidaturas majoritárias no maior número de municípios possível no Estado em 2016 e depois trabalhar para um projeto ao governo e, claro, na construção da candidatura à Presidência de Marina Silva em 2018. Mas isso deve ser feito passo a passo. “É um projeto de futuro”, disse o prefeito.

Audifax se disse muito feliz com o processo de construção da Rede e com a ideia da formação de um partido novo, com ideias em rede, que segue a tendência mundial. “Acho que o mundo precisa mudar e a há uma crise pela falta de lideranças para uma nova política”, destacou.  

A Rede, segundo seus organizadores, nasce no Estado com 10 prefeitos e 31 vereadores, mas os números devem mudar até sexta-feira, quando termina o prazo para as filiações partidárias e novas aquisições de quadros devem ser fechadas.

Para Gustavo De Biase, o partido nascerá com cerca de 500 filiados, um bom tamanho para iniciar a inserção no jogo político do Estado. Nacionalmente, o partido já teria cinco deputados federais e um senador.

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