Ao contrário da mesma comemoração realizada em 2022, o desfile pelo Dia da Pátria deste ano foi mais tranquilo
Passados oito meses da mudança de governo, o bolsonarismo encolheu e se concentra em divulga fake news em redes sociais, com grande volume e mensagens de cunho religioso. A maioria das postagens aborda temas de um mundo paralelo, que tem a base nas chamadas igrejas para a construção de um estado totalitário-fundamentalista a partir de distorções doutrinárias, pincipalmente do cristianismo. Com apelos à esfera espiritual, atingem parcelas da população semialfabetizada, que, desinformada, seguem discursos de líderes que atuam como empresários da fé.
Um exemplo desse encolhimento ocorreu nesta quinta-feira (7), em Vitória. Ao contrário da mesma comemoração realizada em 2022, pouco menos de dois meses antes das eleições gerais que deram a vitória ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o desfile pelo Dia da Pátria deste ano foi mais tranquilo, sem o fechamento da Terceira Ponte e interdição de ruas no entorno da Praça do Papa, como no ano passado.
Essas medidas foram adotadas em 2022 para a manifestação de apoio ao então presidente Jair Bolsonaro (PL), hoje investigado por corrupção, tentativa de golpe de estado e abuso do poder político, que poderão levá-lo à prisão, situação que afasta antigos correligionários.
Realizado na avenida Beira Mar, o desfile desta quinta contou com a participação do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) e adversário político do governador Renato Casagrande (PSB ). Apoiador do então presidente Bolsonaro, Pazolini não esteve no desfile do ano passado, ausência notada por ser prefeito da Capital.
Nas redes, seguidores do ex-presidente optaram por postar convites para doações de sangue, como o senador Magno Malta (PL), que exibiu também um vídeo dele com Bolsonaro e outro com recepcionando a libertação da última presa por envolvimento nos atos terroristas de 8 de janeiro. Sobre a importância da data de 7 de setembro, quase nada foi postado.
As mensagens seguem a linha de distorções doutrinárias e fake news, que se tornaram marcas do bolsonarismo, abordado temas como aborto, comunismo, legalização de drogas, invasão de propriedade privada e fechamento de templos religiosos. Uma delas, que é divulgada para o público religioso evangélico, é uma música, apresentada como “a música do momento”, entoada em meio a um discurso fora da realidade.
“Sabe irmãos, ouço rumores de dor, sofrimento e lamentação…vem alguém com suas leis tentando outra vez no deixar calados; querem fechar nossa boca, sufocar a nossa voz; querem algemar nossas mãos, que podem oferecer um socorro a alguém através do nosso amor; preferem um país de drogados ao invés de libertação, querem calas nossa voz, querem calar nosso grito…nós só falamos de amor e de paz, está na hora de unir nossas forças e buscarmos deus por nosso país e abalar o inferno com nossas orações (…)”.
Outra mensagem que circula em grupos evangélicos, no mesmo sentido, visa manter o clima de violência e ameaça, no outro extremo do discurso do presidente Lula neste 7 de setembro, que destacou a “democracia, a soberania do país e a união sem ódio”.
“Muito triste – hoje começa a debater a iniciativa da lei de proteção doméstica no Senado da República. Que contempla prisão religiosa por pregar em horas impróprias”, diz o texto. Em outro trecho, aponta mais mentiras e afirma que haverá “sanção às congregações que têm um grande volume no momento de celebrar sua adoração e aos que andam nas ruas e visitam casas incomodando pedestres e violando a integridade da família. Foi até discutido como uma violação da liberdade de culto impor a leitura da Bíblia”.
Acrescenta ainda: “Vamos ter um momento para orar, não importa se você está no trabalho, na escola, no caminhão ou em casa, procure um momento para orar a Deus e pedir que Ele toque o coração dos deputados e senadores, para refletir e não aprovar esta iniciativa . Isso trará, se aprovada, uma perseguição à igreja…é necessário informar o maior número de pessoas, nossa mensagem. Por favor: levará menos de 2 minutos”.
E mais adiante: “Olha, na Europa eles já o aprovaram. Lembre-se, Jesus disse: “Se alguém se declarar a meu favor diante dos homens, eu também me declararei a seu favor perante meu Pai Celestial e se alguém me negar diante dos homens, também o negarei diante de meu Pai”. Por favor, se alguém tiver outros grupos, envie-o. Clamamos em uma voz para que os legisladores não aprovem esta lei”.