Presidente não usou máscara e usou de chavões próprios de campanha ao cumprimentar eleitores
Sem máscara em meio a uma crise sanitária e econômica e fortemente pressionado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga erros e omissões no combate à pandemia, o presidente Jair Bolsonaro desembarcou no aeroporto de Vitória na manhã desta sexta-feira (11), em sua primeira visita ao Espírito Santo. O ato, parte de sua campanha à reeleição em 2022, não contou com a participação de autoridades do Estado, como o governador Renato Casagrande (PSB), e o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso, e o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, ambos do Republicanos. Bolsonaro usou frases próprias de campanha eleitoral e deixa no Estado saldo político só para apoiadores.
Casagrande é um dos 18 governadores contrários à gestão Bolsonaro, especialmente quando se trata da compra de vacinas contra a Covid-19 e do uso de medidas restritivas de prevenção à doença. O presidente estimula aglomerações, é contrário ao uso de máscaras, e, segundo a CPI da Pandemia, sabotou a compra de vacinas e estimulou o uso da cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada. Musso e Pazolini são de um partido ligado ao empresário Edir Macedo, da Igreja Universal, que se afasta da atual gestão.
Seguranças e aliados políticos também não usavam máscaras, entre eles o ex-senador Magno Malta (PL), o deputado federal Neucimar Fraga (PSD) e o ex-deputado federal Carlos Manato (sem partido), que, com a visita, espera turbinar sua candidatura ao Palácio Anchieta em 2022.
Do aeroporto, a comitiva presidencial seguiu de helicóptero para São Mateus, ponto forte da visita, onde ele inaugura um conjunto de casas populares, cujas obras foram iniciadas no governo Dilma Rousseff, em 2012. Esse é o saldo da passagem de Bolsonaro ao Estado, que não registra nenhuma entrega de obra iniciada no atual governo.
Ovacionado aos gritos de “mito” por uma multidão com muitas pessoas igualmente sem máscara que se aglomeravam no aeroporto, Bolsonaro manteve a postura de propagador da Covid-19, como ocorre em suas aparições públicas, e chegou a manusear a chupeta de uma criança, também sem proteção facial, colocando-a no colo. “Nós acreditamos no futuro do Brasil”, disse, no meio de apertos de mão e toques de apoiadores, tendo por perto políticos do Estado eufóricos para não perder o lugar próximo ao presidente.
À frente do local de saída da comitiva, um grupo de manifestantes contrários a Bolsonaro exibia um cartaz com os dizeres “Bem-Vindo – 500 mil mortes”, que foi reprimido pelos apoiadores do presidente, com ameaças de agressão e xingamentos, inclusive à imprensa.
No mesmo horário, ocorreu em algumas ruas de Vitória um “Barulhaço” contra o governo federal, com ênfase no descaso ao combate à Covid-19, como forma de repercutir as manifestações do dia 29 de maio e preparação para a próxima, no dia 19 deste mês.
Em locais estratégicos da Grande Vitória, foram instalados painéis contrários ao presidente, alguns dos quais alvos de vandalismo por seus seguidores, por meio de pichações e retirada das mensagens da campanha “O Senhor da Morte” e “Impeachment Já”.