Toninho Guarani, da aldeia Boa Esperança, é o único candidato indígena no Espírito Santo
Os indígenas de Aracruz, norte do Estado, estão novamente mobilizados para garantir um representante em Brasília. Toninho Guarani (PT), cacique da aldeia Boa Esperança, vai disputar a Câmara Federal, dentro do projeto nacional inédito de formar uma bancada indígena, lançado nessa segunda-feira (29) pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). A proposta da candidatura, como ressalta Toninho, é defender os diretos dos povos originários.
É a primeira vez que uma bancada indígena disputa as eleições de forma coordenada, a partir das indicações das organizações indígenas de base. São, ao todo, 30 candidaturas de todas as regiões do País e de 31 povos. O nome do Cacique Toninho Guarani foi apresentado pela Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme).
“É na Câmara Federal que se aprova, desaprova, se cria leis. Precisamos lutar para manter os nossos direitos, previstos principalmente no capítulo oitavo da Constituição Federal, ainda mais no momento em que a gente está vivendo, que é de tanta retirada de direitos. Também quero fazer um mandato pensando em outros grupos que estão tendo seus direitos não reconhecidos, como as comunidades periféricas”, diz, destacando a necessidade de manter a mobilização contra o Marco Temporal, tese julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e que considera terras indígenas somente aquelas que estavam sob a posse deles em 1988, ameaçando os territórios do Espírito Santo, explorados pela Suzano Papel e Celulose (ex-Aracruz e ex-Fibria).
O vereador explica que não foi lançada candidatura de nenhum indígena para a Assembleia Legislativa, pois as discussões sobre as eleições começaram tardiamente, não havendo tempo hábil para pensar em um nome para disputar o cargo.
Em 2020, outra carta aberta assinada pelas organizações apontou uma visão geral dos povos indígenas sobre a disputa política no País. Com o mote “Demarcando as urnas” e o slogan “Vamos aldear a política”, a mobilização de 2022 se configura como pioneira em termos de construção de coletiva de base.
Desse total, como informa a Abip, 108 são candidatos a deputado estadual; dois a deputado distrital; 58 concorrem à Câmara Federal; quatro disputam o cargo de senador; dois como 1º suplente e um como 2º suplente; além de quatro candidaturas como vice-governador e dois como governador, caso dos estados do Amazonas e Bahia. Uma candidatura à vice-presidência completa o quadro atual.
Em 2018, o TSE registrou 133 candidaturas indígenas iniciais e em 2014, 85 antes do deferimento.
Já o primeiro prefeito indígena eleito, registrado pelo movimento indígena, foi no ano de 1996. João Neves, do povo Galibi-Marworno, comandou o executivo do município de Oiapoque, no Amapá. Mário Juruna se elegeu pelo PDT-RJ em 1982, seis anos depois os direitos indígenas terem sido reconhecidos na Constituição Federal.
Em 2018, Sonia Guajajara, que era coordenadora executiva da Apib foi candidata ao cargo de vice-presidente em um processo que contribuiu para um aumento de lideranças entrando para disputa eleitoral nos anos seguintes. No mesmo ano, Joenia Wapichana foi eleita primeira mulher indígena a deputada federal.
Em 2020, mais de 2 mil candidaturas indígenas concorreram às eleições e 200 representantes foram eleitos — entre eles 10 prefeitos e 44 vereadoras.
O número de candidaturas indígenas femininas também quase triplicou em duas eleições, passando de 29 em 2014 para 85 em 2022. Das 30 candidaturas que compõem a bancada indígena, a maioria é de mulheres, com 16 candidaturas.
O coordenador da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), Paulo Tupinikim, aponta dificuldades para a chegada a um cargo político, como ausência de políticas afirmativas que garantam uma participação mais igualitária de indígenas no processo eleitoral. “Assim como há cotas para negros, cotas para mulheres, o TSE deveria criar cotas para indígenas, fazendo com que isso fosse obrigatório nos partidos”, propõe.
1. Vanessa Xerente – TO
2. Lucio Xavante – MT
3. Joenia Wapichana – RR
4. Ninawa Huni kuin – AC
5. Maial Kaiapó – PA
6. Almir Suruí – RO
7. Vanda Witoto – AM
8. Célia Xakriabá – MG
9. Toninho Guarani -ES
10. Kerexu Yxapyry – SC
11. Ivan Kaingang – PR
12. Sonia Guajajara – SP
Deputado estadual
1. Junior Manchineri – AC
2. Maria Leonice Tupari – RO
3. Robson Haritiana – TO
4. Eliane Xunakalo – MT
5. Simone Karipuna – AP
6. Professora Edite – RR
7. Aldenir Wapichana – RR
8. Marcos Apurinã – AM
9. Coletivo Guarnicê – Com Rosilene Guajajara – MA
10. Juliana Jenipapo Kanindé (Cacica Irê) – CE]
12. Coletivo Indígena de Pernambuco – PE
13. Lindomar Xoko – SE
14. Kretã Kaingang – PR
16. Chirley Pankará – SP
17. Coletivo ReExistência – SP
18. Val Eloy – MS