Karla Coser e Camila Valadão protestaram contra a votação urgente e a falta de debate em torno dos projetos
Ao se manifestarem contra o “autoritarismo” do Poder Executivo, desconhecendo o impacto na vida de milhares de servidores públicos, as duas vereadoras foram alvos de provocações do vereador Gilvan da Federal (Patri). Por diversas vezes, o vereador desviou a discussão para questões partidárias e ideológicas, fora do âmbito do projeto que estava sendo votado, e chegou a chamar o ex-presidente Lula como o “maior ladrão da história” e o Psol como partido do “contra”.
Diante da ausência de representantes dos servidores e da sociedade civil, e em atendimento a pedidos das vereadoras, o presidente Davi Esmael permitiu a entrada no plenário dos servidores públicos municipais Professor Aguinaldo e Sérgio, que reforçaram a solicitação de Camila e Karla, para que a votação do projeto fosse adiada. Os dois afirmaram que reconhecem a necessidade da reforma, mas há questões que precisam ser mais debatidas.
O projeto segue a linha da reforma da Previdência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), aprovada em 2019, que estabelece uma série de regras aos estados e municípios, condicionantes ao recebimento de recursos federais. Um dos pontos mais polêmicos é a cobrança da alíquota de 14% sobre os salários dos servidores, que irá impactar os menores salários.
No município de Vitória existem servidores que ganham um salário mínimo ou menos, recebendo complementação salarial para chegar a R$ 1.150 por mês. Em alguns casos, as perdas podem chegar a 40% do ganho total, uma situação que pode “fazer o trabalhador passar fome”, como disse o professor Aguinaldo, que é suplente da vereadora Karla Coser.
O projeto aprovado é idêntico ao apesentado em 2020 por Luciano Rezende (Cidadania), que provocou várias manifestações, sendo retirado de pauta. As pressões de entidades da dos servidores públicos pesaram por se tratar de ano eleitoral.
A sessão desta segunda-feira seria para aprovação da urgência na votação de projetos do Executivo, outro estabelecendo a alíquota de 14% e um terceiro sobre a redução de cargos comissionados e a adequações de funções na administração. A votação estava prevista para esta terça-feira (5), mas no decorrer dos trabalhos o presidente decidiu colocar as matérias em votação.