Partidos tiveram dificuldade de se entender nas eleições de 2024 no Espírito Santo

Nos campos políticos da direita e centro no Brasil, negociações para fusão de partidos e formação de novas federações estão a pleno vapor. No campo progressista, a questão tem ficado mais na esfera dos burburinhos. Ou, como disse uma fonte dos meios políticos capixabas a Século Diário, ninguém quer falar muito sobre o “elefante que está na sala”. O temor a nível estadual, comentou essa mesma fonte, é de que do dia para a noite algum acordo surja de cima para a baixo, sem participação efetiva das bases.
Atualmente, existem na esquerda as federações Brasil da Esperança – Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido Verde (PV) – e a federação formada por Partido Socialismo e Liberdade (Psol) e Rede Sustentabilidade. Mas as negociações iniciais do PT para uma federação visando as eleições de 2022 também envolviam outras siglas, como o próprio Psol e o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Para os petistas, aumentar o número de siglas progressistas alinhadas em um acordo formal ajuda a manter a hegemonia do partido no campo.
A realidade, porém, é de desarranjos mesmo nas federações que já existem, e o Espírito Santo tem dado provas disso. Em 2024, o PV e o PCdoB de Cariacica defendiam apoio à reeleição do prefeito Euclério Sampaio (MDB), e ameaçaram se insurgir contra a decisão de lançar a candidatura de Célia Tavares (PT). O PV nacional, segundo a imprensa brasileira, está insatisfeito com a federação e já procura acordos com outros partidos para 2026.
Psol e Rede também andaram se estranhando sobre as articulações eleitorais em 2024. Nas eleições de 2024, em Vitória, as duas federações acabaram caminhando separadas na disputa majoritária, com as candidaturas de João Coser (PT) e Camila Valadão (Psol), colegas de Assembleia Legislativa.
No caso do Psol, o partido vive atualmente um grande racha interno a nível nacional, envolvendo, grosso modo, correntes majoritárias mais favoráveis a uma aproximação com o governo do presidente Lula e tendências que defendem um posicionamento mais crítico ao lulismo. Os desdobramentos dessa briga poderão ser decisivos para uma eventual formação de federação com outros partidos do campo progressista.
No Espírito Santo, a diferença entre os dois campos políticos em disputa dentro do Psol se expressa nas duas únicas parlamentares eleitas da sigla. A deputada estadual Camila Valadão é da tendência Movimento Esquerda Socialista (MES), mais afinada com o grupo crítico ao lulismo, e a vereadora de Vitória Ana Paula Rocha é da tendência Primavera Socialista, vinculada ao campo majoritário.
Uma federação envolvendo um conjunto maior de partidos do campo progressista, como o PSB, parece pouco provável atualmente, devido a diferenças ideológicas significativas entre as siglas. O mais provável seria o PSB conseguir atrair outras siglas menores, como Cidadania – que quer romper a federação com o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) – e o próprio PV.
No Estado, o PSB, do governador Renato Casagrande, já conta com o apoio de siglas como o próprio Cidadania, que teria uma chance de se salvar da extinção com uma nova federação.