Renato Casagrande (PSB), atual governador, foi o alvo principal, bem como o presidenciável Lula
O modelo adotado pelas organizações Globo e suas afiliadas para o debate da noite dessa terça-feira (27) entre os candidatos aos governos estaduais, foi terreno fértil para um festival de ataques pessoais, com agressões verbais, e uma demonstração de despreparo da maioria dos concorrentes ao Palácio Anchieta. Renato Casagrande (PSB), atual governador, foi o alvo principal, bem como o petista Lula, que lidera a corrida à Presidência da República.
Como em outros estados, no Espírito Santo a TV Gazeta iniciou o debate às 22 horas. Com apresentação do jornalista Mário Bonella, moderador e sem participação no questionamento dos participantes, constou de dois blocos com tema livre e mais dois com perguntas sobre temas escolhidos por meio de sorteio: agricultura, tiroteios e insegurança, corrupção, atração de investimentos, pobreza e fome, moradores de rua, emprego e renda, filas para exames e consultas, e meio ambiente.
Participaram cinco dos sete os candidatos, Casagrande, Aridelmo (Novo), Audifax (Rede), Guerino Zanon (PSD) e Manato (PL). O capitão Vinícius Sousa (PSTU) e Cláudio Paiva (PRTB) não foram convidados, porque seus partidos não possuem representantes no Congresso Nacional. Para contrapor à iniciativa da Rede Gazeta, Sousa fez uma transmissão via internet, no mesmo horário, denominada “Reagindo ao debate”, quando apresentou seus projetos de gestão.
O debate começou com perguntas de candidato para candidato. Aridelmo se referiu a Casagrande como “o exterminador de futuro”, citando dados da pobreza. Depois, Audifax questionou Manato sobre sua experiência em gestão, já que acumula apenas mandatos de deputado federal.
Em outro momento, Guerino questionou a Aridelmo sobre o fechamento do comércio e de igrejas na pandemia da Covid-19, e o dinheiro acumulado pelo governo Casagrande, segundo ele, para ser gasto no ano eleitoral. A partir daí, o debate se desenvolveu por meio de várias perguntas direcionadas ao atual governador, que lidera com folga as pesquisas eleitorais.
À exceção de Audifax, Guerino e Aridelmo, com pontuação muito baixa nas pesquisas, e Carlos Manato, que ocupa o segundo lugar na mais recente pesquisa Ipec/Rede Gazeta, com 18%, distante dos 53% de Casagrande, deram o tom dos questionamentos ao governo, mesmo que forma indireta, ao ponto de Guerino chamar Casagrande de mentiroso. O debate perdeu e serviu para demonstrar o despreparo dos candidatos, voltados mais para ataques e defesas, sem apresentar programas de governo ao eleitor.
O professor e economista Guilherme Henrique Pereira aponta que, “assistindo ao debate dos candidatos ao governo estadual, compreendi porque Casagrande poderá ser eleito no primeiro turno, nem tanto pelas realizações do seu governo, mas por conta de seus méritos pessoais e, principalmente, por conta da fraqueza dos concorrentes. Adversários que não demonstraram propostas para avanços significativos nas políticas governamentais, se organizaram para criticar o candidato à reeleição, bate boca que o eleitor não tem interesse neste momento”.
Ele comenta que até entende como uma “estratégia para tirar votos de quem tem, entre eles não há votos em quantidade para migrar de uma lado para outro. Uma crítica eloquente foi o fato do governo ter muito dinheiro aplicado em bancos, quando há muita carências ainda a serem mitigadas. Mas o candidato que fez a crítica, não apresentou que projetos seria capaz de realizar com este caixa exuberante. Governo bem avaliado pelo Tesouro Nacional não é de forma tão direta um grande mérito, pois gerar superávits sucessivos tem outra face que é a do aumento da pobreza”.
Outro ponto destacado pelo economista foi a fuga dos candidatos do tema nacional. “Nenhum deles pediu votos para o seu candidato à presidência, um notável medo de perder votos e de falta de personalidade para assumir sua preferência”.