Em vários pontos da Grande Vitória, carreata pediu a saída de Bolsonaro, tachando o governo de genocida
Para protestar contra a política genocida e negacionista do governo federal, o movimento suprapartidário “ImpeachmentJá ES em luta” encheu ruas e avenidas da Grande Vitória neste sábado (23) com veículos enfileirados e ao som de um buzinaço, na carreata contra o presidente Jair Bolsonaro. Os manifestantes o acusam de sabotar o programa de vacinas contra a Covid 19 e pedem o fim da Emenda Constitucional, que estabelece o teto dos gastos públicos.
“O sentimento de indignação e revolta que toma conta da sociedade tem que se converter em atitudes. Foi por isso que nós, cidadãos capixabas, criamos o Movimento Impeachment Já”, explicam os organizadores da manifestação, que ocorre, além da Grande Vitória, em cerca de 75 cidades do país, Desde a noite de quinta-feira (21), as redes sociais começaram a divulgar mensagens convocatórias.
“Fora Bolsonaro”, “Vacina para toda a população” e “retorno do auxílio emergencial” são algumas das frases usadas no ato que, expressando insatisfação e revolta, tomou conta das ruas desde a manhã deste sábado. Na Grande Vitória, a carreata saiu de diversos pontos, a partir das 15 horas, concentrando-se na praça do Pedágio da Terceira Ponte no final da tarde.
O protesto, realizado também em várias cidades do país, ocorre um dia depois de divulgadas três pesquisas revelando a queda na popularidade de seu governo. Segundo o Instituto Datafolha, no quesito ótimo ou bom o governo Bolsonaro passou de 37% para 31%, no regular, desceu de 29% para 26%, e no ruim ou péssimo o levantamento registrou a marca de 32% para 40%, na maior queda nominal de aprovação desde o começo de atual governo. A pesquisa foi realizadas nos dias 20 e 21 desse mês, com uma margem de erro de dois por cento para mais ou para menos.
“O Brasil assistiu perplexo à catástrofe que se abateu sobre a cidade de Manaus pela falta de oxigênio nos hospitais. Não se trata de um acidente. O caos na capital do Amazonas é consequência da política genocida e negacionista executada pelo governo federal”, aponta o texto do manifesto divulgado na manhã deste sábado pelos organizadores da carreata.
Os manifestantes entendem que “Bolsonaro sabota as medidas sanitárias, espalha mentiras para desacreditar as vacinas, impossibilita uma ação nacional articulada com estados e municípios de combate à pandemia; enfim, trabalha a favor do vírus e contra a vida”.
Pela primeira vez desde o golpe que depôs a presidenta Dilma Rousseff, em 2016, movimentos de direita participam de atos para pressionar o Congresso a colocar em votação um processo de impeachment contra Bolsonaro. As manifestações ainda são separadas e enquanto os setores da esquerda realizam o ato no sábado, no domingo (24) será a vez dp Movimento Brasil Livre (MBL). As carreatas têm substituído as passeatas, para reduzir o risco de contágio da doença.
O manifesto divulgado neste sábado é assinado pela Aliança Progressista, CSP Conlutas, CUT, ES em Luta, Força Sindical, Fórum de Mulheres do ES, Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo, Intersindical, NCST, PCB, PCdoB, PCML, PSOL, PSTU, PT, UGT, UP Manifesto #ImpeachmentJá ES em Luta.
O texto enfatiza os desdobramentos da segunda onda da Covid-19 e aponta a situação de calamidade vivenciada em muitas capitais e municípios, com hospitais superlotados ou próximos dos 100% da capacidade de atendimento. “Com isso, os profissionais da saúde, na linha de frente desde o começo da pandemia, estão sobrecarregados e esgotados, física e mentalmente. A taxa média de mortes voltou a passar a marca de 1000 óbitos por dia”.
Em outro trecho, pontuam: “Perante a tragédia que nos assola, a medida mais urgente para evitar que o colapso se espalhe por todo o país é remover imediatamente do poder o presidente”, assinalando que “sem isso, não teremos sequer um plano nacional de vacinação capaz de conter a disseminação do novo coronavírus” e que “Bolsonaro deve ser punido criminalmente pelo que faz na gestão da pandemia”.
Já a Aliança Progressista, movimento recém-criado no país, com sede em Vila Velha, em texto divulgado na sexta-feira (22), lembra que a Bolsonaro é a continuidade do golpe aplicado e 2013, que sobrou como “única alternativa” depois do esfacelamento político de seus representantes. “Uma narrativa repetida por 10 anos, numa sucessão de acusações fundadas e infundadas, trouxe um ambiente de desconstrução de todas as conquistas realizadas até aqui, quase um sentimento de culpa por ser um militar nos partidos de esquerda no país”.
As palavras de ordem da carreata são “Fora, Bolsonaro! Impeachment, já”; vacinação gratuita para todos, rápida e transparente; auxílio emergencial acima de R$ 600 até que toda população esteja vacinada; Revogação imediata da Emenda Constitucional 95 [que estabelece o teto de gastos públicos]; por mais verbas para políticas sociais; pela auditoria da dívida pública; contra a reforma administrativa; pela revogação das reformas trabalhista e previdenciária; não à volta das aulas presenciais antes da vacinação.