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Carta em defesa da democracia leva o povo às ruas contra ameaça de golpe

Junia Zaidan, presidente da Adufes, diz que a carta é “um manifesto de repúdio ao golpismo e protofascismo”

Universidades, movimentos sociais, sindicatos, sociedade civil e colegiados estarão mobilizados, nesta quinta-feira (11), para a leitura da Carta aos Brasileiros e Brasileiras, iniciativa da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), que se transformou em ato nacional suprapartidário de resistência aos ataques do presidente Bolsonaro ao processo eleitoral. Em Vitória, o evento será realizado na praça Costa Pereira, no Centro, às 10 horas, e no espaço em frente ao Teatro Universitário, em Goiabeiras, às 16h.

“A articulação das centrais sindicais neste ato do dia 11 mostra fundamental convergência em torno de uma pauta de interesse público, que é derrotar Bolsonaro, afirmando as ruas como expressão da vontade popular e as urnas como sua culminância nesta organização social que vivemos”. A declaração de Junia Zaidan, presidente da Associação de Docentes da Universidade do Espírito Santo (Adufes), define a abrangência da convocação de entidades representativas da sociedade civil para o evento, que representa, também, protesto contra a carestia, o desemprego, a fome e todos os retrocessos promovidos pelo “desgoverno de Bolsonaro”.

Junia Zaidan aponta: “A leitura da carta em defesa do Estado de direito tem seu traço próprio, de iniciativa de coletivos, organizações da sociedade civil, que sempre emergem de forma expressiva em situações-limite como esta que estamos vivendo. Estaremos sincronizados com outras cidades, fazendo a leitura coletiva simultânea desta carta, que é um manifesto de repúdio ao golpismo e protofascismo”.

E acrescenta que, desde o mês de abril, quando “retornamos ao presencial, estamos mobilizados, nos três segmentos, docente, discente e com técnicos, pautando a gravidade da situação política em todos os espaços, mesas de debate, intervenções em eventos, faixas, panfletagens”.

Para Neto Barros, presidente estadual do PCdoB e pré-candidato a deputado estadual, a democracia é inegociável. “O Brasil é muito maior do que os seus detratores. Só conquistaremos o desenvolvimento esperado aperfeiçoando e fortalecendo as instituições republicanas. O poder é civil e só a população tem legitimidade para dirigir os destinos do País, seja diretamente ou através de seus representantes eleitos, e cabe à Justiça dirimir os conflitos. Parafraseando Ulisses Guimarães: “temos ódio e nojo à ditadura e traidor da Constituição é traidor da Pátria”.

A advogada Elisângela Melo, apoiadora da manifestação, afirma que gostaria de poder bradar de forma uníssona “Estado Democrático de Direito Sempre”, e destaca: “Para que essa garantia não seja somente para alguns, como tem sido por séculos, é preciso que nossa memória seja menos seletiva e alcance a barbárie da escravidão e da abolição seguida da organização fundiária que formou a elite brasileira. O que vivemos hoje não surgiu em 2018, é fruto da nossa história, lamentavelmente”.

E aponta: “Por não ser possível uma alteração estrutural no sistema até outubro, assino sim embaixo da defesa do resultado das eleições assim como postas, mas a partir de janeiro de 2023, voltarei a questionar ‘Estado Democrático de Direito para quem?’ e a exigir que se reconheça a dívida histórica do Brasil com o povo preto, que precisa ser paga com a redistribuição da riqueza para redução de uma desigualdade que é fruto de uma ação humana consciente e recorrente”.

Já o escritor e jornalista Álvaro Silva afirma que não “não esperava que, aos 72 anos, fosse apoiar uma carta que exige a manutenção da democracia no Brasil. Não depois de viver a ditadura militar e a luta pela redemocratização somente conquistada em 1985 e após 21 anos de noite escura. Mas foi a escolha dos brasileiros. Espero não ver a luz apagar novamente porque, se isso acontecer, talvez não viva para vê-la acesa mais uma vez”.

O advogado e suplente de vereador de Vitória pelo Psol, André Moreira, acredita que Bolsonaro precisa ser derrotado socialmente e não somente na eleição. “Por contraditório que pareça, o sistema representativo anda tão descreditado e, com ele, o próprio processo eleitoral, que não basta derrotá-lo nas urnas”.

Ele enfatiza que, exemplo dessa situação, é o que “ocorreu com o Trump nos Estados Unidos. “Derrotado no última eleição, já voltou à cena política logo que apareceram as primeiras contradições do governo Biden. Tudo indica que ocorrerá o mesmo aqui se a derrota de Bolsonaro não for política, mas somente eleitoral. Por isso, nunca deveríamos ter apostado todas as fichas na eleição. Seria essencial manter uma mobilização permanente”.

Já o militante político e advogado Francisco Celso Calmon afirma: A “carta pela democracia não é um movimento como foi o das Diretas Já, massivo, organizado e vanguardeado pelas forças políticas, em uma grande unidade pela eleição direta de presidente da República, que, embora não tenha sido vitorioso, foi uma mortalha no caixão da ditadura”.

Ele acrescenta que “essas manifestações do dia 11 não terão o mesmo condão, contudo, dependendo dos quantitativos e qualitativos presentes nas manifestações, espraiadas por todas as capitais e importantes municípios, será a sinalização do desejo da sociedade para a nação brasileira e demais nações, inclusive a ONU, que estarão acompanhando esse movimento de anteparo à subversão da Constituição pelo bolsonarismo”. 

A conquista da democracia, ressalta, “custou muitas tragédias ao povo brasileiro e, notadamente, à minha ‘geração 68’. A sociedade sabe o que é uma ditadura e não permitirá a sua volta”, acredita.

O movimento

Já ultrapassa os 800 mil o número de adesões à Carta às Brasileiras e Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito, transformada em um movimento histórico em defesa da democracia, na mesma linha dos atos de resistência no período de ditadura militar no Brasil.

O documento mobilizou todos os setores da sociedade em torno do objetivo de livrar o Brasil da escalada golpista do presidente Jair Bolsonaro (PL), que ataca o sistema eleitoral brasileiro, os ministros das cortes superiores, faz fake news contra as urnas eletrônicas, e diz que não vai aceitar o resultado da eleição.

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