Secretários Gilson Daniel e Álvaro Duboc mudam de função e e agitam o mercado político
As atribuições e competências da Secretaria de Estado de Governo, que a partir de janeiro será chefiada pelo atual secretário de Planejamento, Álvaro Duboc, sinalizam não apenas a arrumação natural do Poder Executivo. Emitem sinais relevantes de que o governador Renato Casagrande (PSB) pretende mesmo concorrer à reeleição no próximo ano.
O anúncio da troca de secretários foi feito nesta terça-feira (28), mesmo dia do lançamento do livro de Gilson Daniel, no Palácio Anchieta, e no mesmo dia em que o mercado político comenta o provável desembarque do partido Republicanos do grupo de apoio de Jair Bolsonaro, passando para o palanque do ex-juiz parcial Sergio Moro, do qual Gilson Daniel é um dos integrantes, sendo coordenador do programa municipalista do presidenciável.
Caso isso se consolide, haverá alteração na correlação de forças nos estados, apesar dos baixos índices de aceitação do ex-juiz, que poderá modificar o quadro eleitoral no Espírito Santo, inclusive com o surgimento de outra pré-candidatura, do próprio Gilson Daniel. Segundo lideranças políticas, isso ocorrerá se o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), não conseguir pelo menos 10 pontos percentuais para garantir sua pré-candidatura, lançada neste mês.
Ao deslocar o secretário Gilson Daniel (Podemos) para ocupar o cargo anterior de Duboc, o governador se cerca de um técnico para aplicar os mais de R$ 2 bilhões em investimentos guardados para 2022, chamando para o governo, de forma direta, a responsabilidade pelos programas que serão desenvolvidos no Estado. E mantém intocável o projeto Estado Presente, uma das molas mestras do governo no âmbito social.
Com Duboc na Secretaria de Governo, Casagrande amplia canais para movimentações políticos-eleitorais, a partir da mudança planejadas por um técnico integrante de sua equipe desde a campanha eleitoral de 2018. Com a decisão, ameniza os efeitos das ambições do atual secretário de Governo, motivo de conflitos entre lideranças políticas e o governador, incluindo deputados e prefeitos.
Um quadro resultante da desenvoltura de Gilson Daniel na condução de ações do governo em municípios do interior, redutos eleitorais de potenciais adversários na disputa de 2022 à Câmara Federal e também na composição de chapas para a Assembleia Legislativa. As reclamações são muitas, algumas já tornadas públicas, como as dos deputados estaduais Bruno Lamas (PSB) e Hudson Leal (Republicanos). “No final, ele vai trair o governador”, comentou, acrescentando: “Ele fica com quem estiver na frente”.
A interlocução do Palácio Anchieta com deputados e prefeitos ganha um aspecto mais técnico, sob o comando direto de Casagrande, segundo o cronograma oficial, que indica ser atribuição da Secretaria de Governo “o assessoramento ao governador do Estado, em articulação com os demais órgãos integrantes da Governadoria e as Secretarias de Estado na área administrativa, promovendo a coordenação entre as esferas administrativas”.