Com campanha mais estratégica no segundo turno, atual governador venceu o palanque bolsonarista, com 7,7% de vantagem
O governador Renato Casagrande (PSB) garantiu, neste domingo (30), mais quatro anos de mandato no Espírito Santo. A vantagem se manteve durante toda a apuração do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), iniciada às 17h. Com a marca de 50% das urnas, o Datafolha já projetava sua vitória sobre o candidato bolsonarista, Carlos Manato (PL). Ao atingir 90% da apuração, ele foi considerado matematicamente reeleito pelo TSE, com 53,8% contra 46,13%.
Os índices representam 1,15 milhão de votos favoráveis ao governador, enquanto Manato obteve 987 mil. Votaram nulo 4% do eleitorado capixaba e 2% em branco. No primeiro turno, Casagrande obteve 46,94% e o bolsonarista 38,48%. A disputa avançou para outra fase devido aos votos dos candidatos derrotados, Guerino Zanon (PSD) e Audifax Barcelos (ex-Rede).
Os dois manifestaram apoio e atuaram como cabo eleitoral de Manato, mas não conseguiram garantir a vitória do aliado. Da mesma forma, o palanque bolsonarista não conseguiu alcançar o campo do presidente Jair Bolsonaro (PL), que aumentou sua vantagem em relação ao candidato Lula (PT) no segundo turno no Estado. De 52,2%, Bolsonaro saltou para 58%, enquanto o petista caiu de 44,4% para 41,94%.
O resultado favorável a Casagrande demonstra êxito na mudança de estratégia adotada por sua campanha no segundo turno, após uma expectativa frustrada de garantir a reeleição no primeiro turno, como indicavam todas as pesquisas eleitorais. Até então, o governador se concentrava em adotar uma postura passiva, de não ataques, focada em mostrar obras e realizações do seu governo e em exaltar a frente ampla que construiu em torno do seu palanque, com 11 legendas e lideranças de diferentes campos ideológicos.
No segundo turno, o tom foi a outro extremo. Logo após o resultado, a campanha apontou a participação de Manato, por três anos, na organização criminosa que dominou o Estado, a Scuderie Le Cocq. Depois, outros temas relevantes foram explorados, como a acusação de atuar como coordenador da greve da Polícia Militar de 2017, de omissão em caso de agressão à mulher, envolvendo um de seus assessores, e mandatos poucos expressivos na Câmara Federal.
Na reta final, pesou contra Manato tratar, no último debate, na TV Gazeta, a pandemia e as mortes por Covid-19 como “farsas”, o que gerou repercussão negativa e um abaixo-assinado de médicos e profissionais da saúde.
Outro ponto central para Casagrande foi o esforço de se descolar, o tempo todo, da disputa presidencial, sem fazer campanha para o presidenciável Lula (PT), considerando que o Estado é majoritariamente bolsonarista. Na segunda fase da eleição, aliados se concentraram em defender o voto no atual presidente e em Casagrande, o que criou a expressão “Casanaro”. O próprio governador intensificou esse discurso, principalmente na última semana de campanha.