O governador Renato Casagrande (PSB) quer uma investigação sobre a não veiculação de seu programa eleitoral que iria ao ar nessa segunda-feira (22). Casagrande afirmou em coletiva, na noite desta terça-feira (23), que embora o programa tenha sido entregue corretamente e em tempo hábil, como determina a Legislação Eleitoral, acabou não sendo veiculado. O eleitor assistiu ao programa que fora exibido na sexta-feira (19).
Para o governador, a perda é irreparável. Ele alegou que faltando menos de duas semanas para a eleição, o episódio pode trazer prejuízos para sua campanha. “Deixamos de apresentar o programa para não sei quantos mil eleitores”.
Este ano há um rodízio das emissoras que montam o programa eleitoral. Esta semana, a responsável pela montagem é a TV Capixaba.
A justificativa para que o programa não fosse veiculado, segundo Casagrande, foi erro humano. Mas o governador afirmou que a coordenação da campanha ingressou com um pedido no Ministério Público Eleitoral (MPE) e espera que o caso seja investigado pela Polícia Federal.
Na coletiva, Casagrande exibiu para os jornalistas o conteúdo que deveria ter sido apresentado no programa dessa segunda, o vídeo também já havia sido publicado nas redes sociais, na página oficial de campanha do governador. O material traz uma fala da presidenciável do PSB, Marina Silva, garantindo atenção no âmbito do governo federal às demandas do Espírito Santo. O governador também fala sobre os projetos e realizações de seu governo na área da saúde.
Mas o que chama a atenção no programa é a utilização de imagens e matérias jornalísticas sobre a polêmica envolvendo o posto fiscal que seria construído em Mimoso do Sul, durante o governo Paulo Hartung (PMDB), e acabou não saindo da fase de terraplanagem. A obra inacabada “enterrou” R$ 25 milhões e passou a ser conhecida como “posto fantasma”. O processo que apura as responsabilidades sobre os gastos públicos com o posto fiscal tramita no Tribunal de Justiça do Estado.
Justiça Eleitoral
Ainda, na coletiva, o governador comentou as últimas decisões da Justiça Eleitoral prejudiciais à sua campanha. Para o governador, há um cerceamento do debate eleitoral. Ele citou como exemplo o episódio das “escolas em currais”. A Justiça Eleitoral acabou negando o recurso do candidato do PSB, que tentava reaver o tempo utilizado no direito de resposta concedido ao candidato Paulo Hartung, que alegou que Casagrande “mentiu” a veicular a informação no programa eleitoral do PSB, de que uma escola da gestão passada funcionava num antigo rural.
Para Casagrande, a retirada de sete minutos de seu programa eleitoral prejudicou o debate eleitoral e o direito de resposta foi usado para atacá-lo, sem responder as críticas à “escola-curral”. O governador afirmou que o cerceamento impediu que a campanha mostrasse como encontrou a rede física das escolas ao final de oito anos do governo passado.
Esta semana, a Justiça Eleitoral também determinou e a retirada de duas páginas de comunidades virtuais que apoiam a sua sua campanha nas redes sociais. A fanpage “Somos todos Casagrande” foi excluída pelo Facebook por determinação da Justiça, mas os apoiadores do socialista já criaram outra comunidade: “Somos todos Casagrande 2”.
“A busca pela Justiça eleitoral tem evitado que se faça um debate profundo sobre o Estado em uma campanha tão importante quanto esta. Uma campanha em que o governador e um ex-governador disputam a eleição. Uma campanha em que o debate permanente traz à tona a verdade. Nós precisamos que a Justiça Eleitoral permita que o debate seja feito”, clamou.
Ainda em menção à retirada da página do Facebook, Casagrande mostrou postagens de uma página ligada à campanha de Paulo Hartung que faz comentários ofensivos a ele, usando, inclusive, xingamentos e ofensas pessoais. O governador se referia à página “Renato Kitnet”.
Ele disse, porém, que não tomará nenhuma medida porque o ambiente das redes sociais é livre e cabe um outro tipo de comentário que, muitas vezes, é irônico, provocador. “Rede social é um ambiente livre, as pessoas sabem que é um ambiente de debate, que tem um certo conteúdo engraçado. As pessoas que frequentam sabem. São fatos que se não alertarmos, como estamos fazendo agora, podem limitar muito o debate eleitoral”, afirmou.
O candidato do PSB afirmou que seu principal adversário, o ex-governador Paulo Hartung, embora defenda o fortalecimento do debate, tem feito ações que indicam o contrário. “A forma de o adversário evitar o debate é característica dele, mas ainda temos a oportunidade de fazê-lo, ainda há os debates televisivos que ainda não há qualquer tipo de censura”.
O governador citou a atuação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como exemplo de como a Justiça Eleitoral pode permitir que o debate seja livre na eleição. “No TSE, por exemplo, assistimos todos os dias o embate entre os candidatos a presidente da República. Raramente o TSE interfere neste debate. Só interfere quando tem ofensa pessoal ou mentira”, afirmou.