Termina nesta segunda-feira (13) as inscrições das chapas que vão concorrer à eleição da Associação dos Municípios do Estado (Amunes), que será no próximo dia 28. A expectativa é de que duas chapas se enfrentem no pleito, transferindo para a entidade a polarização do cenário político do Estado.
O prefeito de Viana, Gilson Daniel (PV), que já vem fazendo campanha há meses à presidência da entidade, espera seu adversário. O governo tentou na última semana demover Daniel da disputa, ao mesmo tempo em que buscava articulação com o prefeito de Linhares, Guerino Zanon (PMDB), para que ele encabece a chapa governista.
Por não ter conseguido espaço no Palácio Anchieta, desde a eleição de Hartung, a candidatura do prefeito de Viana é identificada pelos meios políticos com o grupo de oposição, embora ele não se apresente desta forma. Mas os apoios da senadora Rose de Freitas (PMDB) e de outras lideranças não alinhadas ao governador Paulo Hartung (PMDB) o colocam como um nome fora do alcance do governador.
Hartung teria designado o prefeito de Cariacica, Juninho (PPS), para tentar esvaziar a candidatura de Daniel e fazê-lo desistir da disputa. A empreitada, porém, não obteve sucesso até aqui. Paralelamente, não há certeza sobre a entrada de Guerino Zanon na disputa e a chapa governista pode acabar sendo encabeçada pelo próprio Juninho.
Para os meios políticos, há uma grande diferença entre Daniel enfrentar Zanon e enfrentar Juninho. Como prefeito de Linhares, a tendência até entre os aliados do verde era de que o peemedebista sairia vitorioso com Juninho à frente da chapa, haveria a necessidade de um esforço redobrado do Palácio Anchieta.
Além da questão política, outro fator que influencia no pleito é a situação de penúria de muitos municípios. O governador Paulo Hartung venceu a eleição com uma diferença grande sobre seu adversário Renato Casagrande (PSB) graças a uma estratégia no interior do Estado. Enquanto o socialista conseguiu o apoio dos prefeitos, grande parte em desgaste político, Hartung se aliou aos adversários dos gestores. Muitos deles venceram a disputa e desde então aguardam uma contrapartida palaciana que não vem. Aos que batem à porta do Palácio Anchieta com o pires na mão, Hartung repete que o Estado não tem dinheiro e que é preciso manter o ajuste fiscal.
Com os caixas vazios, muitos prefeitos podem ver na eleição da Amunes uma forma de enviar um recado ao Palácio Anchieta, fortalecendo a entidade com o um grupo que não é o da preferência do governador, deixando assim o jogo mais equilibrado entre os prefeitos e o Palácio Anchieta.
Com a disputa encabeçada por Zanon na chapa governista, a impressão era de uma candidatura mais forte, com um prefeito com peso político e de uma cidade grande do interior do Estado, seguindo uma tendência histórica da Amunes de eleger prefeitos do interior. Juninho, embora tenha transito facilitado no Palácio Anchieta, não teria o mesmo peso político com os prefeitos, o que comprometeria a chapa palaciana.
Daniel tem a seu favor o fato de ter conseguido emplacar no governo federal algumas captações de recursos via projetos, uma deficiência da maioria das prefeituras do Estado. Sua candidatura, neste sentido, apontaria para uma maior qualificação técnica da entidade.
O fato de ter o apoio de Rose ajuda na conquista de votos, já que o perfil municipalista da parlamentar favorece seu trânsito com os prefeitos, embora a senadora não seja o tipo de política de grupo. A falta de trânsito com o Palácio Anchieta, porém, impõe uma pressão em sua candidatura, que pode acabar afastando alguns prefeitos que buscam mais aproximação com o governador Paulo Hartung.