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Comitê da Rede Brasil no Estado rejeita provável indicação de Lula à PGR

Advogado Francisco Celso Calmon aponta ligações de Paulo Gonet com o bolsonarismo; mais de 40 entidades assinam carta 

O comitê no Espírito Santo da Rede Brasil Memória, Verdade e Justiça, organizada desde 2011, divulgou nesta segunda-feira (20) nota em que manifesta indignação contra a indicação do vice-procurador eleitoral, Paulo Gonet, para o comando da Procuradoria-Geral da República (PGR). A iniciativa é parte de um movimento de vários grupos de esquerda e nasceu pela constatação de ligação de Gonet com o bolsonarismo e a conduta dele na Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos.

A Rede Brasil, uma das principais fomentadoras da criação da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, é representada no Espírito Santo pelo advogado e ativista político Francisco Celso Calmon, ex-preso político, que afirma que Gonet era o candidato bolsonarista na lista da qual saiu o ex-procurador-geral Augusto Aras, apoiador do ex-presidente Bolsonaro.

“Paulo Gonet foi muito próximo à Lava Jato e a favor da criminalização de políticos de esquerda, entre eles a atual presidente do PT [deputada federal Gleisi Hoffmann] e o ex-ministro Paulo Bernardo, com quem era casada, que depois foram inocentados”, lembra Francisco Celso.

Para o ativista, Gonet era o favorito do Augusto Aras, apoiador de Bolsonaro, e se Lula colocar mais gente de direita, vai “ficar prisioneiro”. “Ele já está cercado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); e pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, que foi defensor da Lava Jato, e também já tem o ministro das Defesa, José Múcio, que é representante dos militares”, comenta, e enfatiza: ” Nós não vamos admitir e vamos continuar lutando”.

Além da Rede Brasil Memória, fazem parte do movimento contrário à indicação de Gonet, que reúne outras 40 entidades, o grupo jurídico Prerrogativas, que mantém proximidade com o Governo Lula, a Associação Juízes e Juízas para a Democracia e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Gonet é apoiado pelos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, e aparece como favorito, atrás do também procurador Antonio Carlos Bigonha.

Os manifestantes destacam que Gonet, nos anos 1990, nos julgamentos da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, como representante do Ministério Público Federal  (MPF), votou contra o reconhecimento da responsabilidade do Estado em casos de grande repercussão, como o da estilista Zuzu Angel.

Nota

A Rede Brasil aponta, na nota, depois de explicar que fomentou a criação da Comissão Nacional da Verdade, “com a qual interagiu prepositivamente até a entrega dos relatórios à ex-presidenta e companheira Dilma Roussef”, que o histórico de Gone e sua “participação na Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos registra posição insurgente aos direitos de reparação dos atingidos pela ditadura”.

“Seu histórico público de conservador e de intimidades ao bolsonarismo ultrapassa a razoabilidade de ser citado como um dos possíveis ao cargo, é andar mais para trás do que com os antigos PGR. Ter o nome ventilado para a escolha do presidente já é uma afronta à memória dos mortos e desparecidos pela ditatura, a nomeação seria uma bofetada, sem perdão, a todos nós que combatemos aquele regime”, diz o texto. 

Destaca que “Vossa Excelência, presidente Lula, não saiu de uma prisão de 580 dias para ficar prisioneiro daqueles mesmos que foram cúmplices dela. Nomear Gonet é infecionar as feridas ainda não cicatrizadas. É inaceitável! A história ensina, presidente, mas, também reprova”. 

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