O Conselho Regional de Enfermagem (Coren-ES) divulgou nesta terça-feira (24) uma nota em que nega ter apoiado a “invasão” do deputado estadual Lorenzo Pazolini (Republicanos) ao Hospital Dório Silva, na Serra, um dia após o presidente Jair Bolsonaro sugerir que as pessoas e aliados adentrassem os hospitais para comprovar que a pandemia da Covid-19 não era tão grave. “O delegado Pazolini falta com a verdade”, apontou a entidade, reagindo à afirmação feita pelo candidato a prefeito de Vitória em debate eleitoral realizado na noite dessa segunda-feira (23) pela CBN/Rede Gazeta.
A citação ao Conselho foi feito por Pazolini após questionamento do adversário, João Coser (PT), quando defendeu sua ida ao hospital como “dever constitucional”, listando manifestações públicas de apoio de entidades como o Coren, o Conselho Regional de Medicina (CRM) e a Associação de Médicos.
Assinada pela presidente do Coren, Andressa Barcellos, a nota afirma que, na época, pelo contrário, classificou a atitude “como uma afronta aos profissionais de Enfermagem, aos doentes internados e à sociedade em geral”, não tendo nenhuma participação no ocorrido. Lorenzo Pazolini foi ao Dório Silva em 12 de junho, acompanhado dos deputados Torino Marques (PSL), Danilo Bahiense (PSL), Carlos Von (Avante), Vandinho Leite (PSDB), Capitão Assumção e (Patri), todos alinhados ao bolsonarismo.
“Somos uma autarquia federal com papel fiscalizador e seguimos rigorosamente a legislação da Saúde e do Sistema Conselho Federal/Conselhos Regionais de Enfermagem para proteger o exercício profissional e a assistência de Enfermagem”, reforçou.
O Conselho salienta que, no Espírito Santo, a pandemia já matou mais de 4 mil pessoas e contaminou outras 179.517 e que, diante desses números, “negar a doença e sua letalidade, subestimar a ciência e desrespeitar organizações de saúde, como a OMS [Organização Mundial da Saúde], são atitudes que impedem o enfrentamento necessário à pandemia”.
A atitude dos parlamentares, na época, gerou reação do secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, que considerou a ação de “baixo perfil”, comentou a provocação vinda de Brasília, e ressaltou: “Grupos extremistas do Brasil inteiro iniciaram um processo indecoroso e de maneira abrupta intempestiva invadiram hospitais públicos do país. Houve agressões a equipamentos e trabalhadores da saúde em outros estados”.
O caso teve desdobramentos judiciais e abertura de investigação pela Procuradoria-Geral de Justiça, provocada pelo governo do Estado. Já os deputados estaduais denunciaram Nésio Fernandes aos Ministérios Públicos Federal e Estadual (MPF e MPES), por supostas irregularidades no Hospital Dório Silva.
Fórum Araceli
Esta semana, também foi divulgada uma nota do Fórum Municipal de Enfrentamento à Violência, Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes de Vitória (Fórum Araceli), na qual os integrantes afirmam que o espaço nunca contou com a participação de Neuzinha de Oliveira (PSDB), Lorenzo Pazolini ou qualquer outro político.
O pronunciamento foi motivado pelo fato de a vereadora e ex-candidata a prefeita da Capital, Neuzinha de Oliveira (PSDB), apoiadora de Pazolini no segundo turno, afirmar, em vídeo eleitoral, que o candidato “foi um dos responsáveis pelo terceiro Conselho Tutelar em Vitória e pelo combate à violência e exploração sexual infantil no Fórum Araceli”, informa a nota.
O Fórum reafirma que é um espaço de composição “suprapartidária, plural e democrática que não compactua com a instrumentalização política de suas pautas, sua trajetória e seu nome para fins eleitorais”, sendo, como afirma, “plural, laico e independente de partidos e governos”. O grupo afirma que tomará as providências legais diante do ocorrido.