Em manifestação divulgada nesta sexta-feira (28) de solidariedade à imprensa, o senador Fabiano Contarato (Rede) afirmou que é “hora de o presidente entender que todos que defendemos a Constituição Federal nos colocaremos nas trincheiras de defesa da imprensa livre”, ampliando a onda de críticas e protestos contra os frequentes ataques de Jair Bolsonaro à imprensa e a jornalistas.
Os senadores Marcos do Val (Podemos) e Luiz Pastore (MDB), ambos alinhados ao governo, procurados por Século Diário, não responderam até o fechamento desta edição. Do Val transita no círculo de influência do ministro da Justiça, Sergio Moro, e Luiz Pastore, suplente da senadora Rose de Freitas, é próximo ao presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, um dos grandes aliados de Bolsonaro.
Já Fabiano Contarato afirma que a Constituição Federal de 1988 protege a liberdade de expressão em seu Art. 220: “A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerá qualquer restrição”.
O senador comenta que é “inadmissível, portanto, o presidente da República dedicar-se, cotidianamente, a acusar jornalistas, atacar a liberdade de imprensa e discriminar veículos de comunicação, propondo boicotes”.
Semana passada, o presidente atingiu a dignidade humana e a honra da jornalista Patrícia Campos Mello; esta semana, agride Vera Magalhães e Guilherme Amado. Também ataca e propõe boicotes a publicações como a revista Época e o jornal Folha de S. Paulo, pontua o senador.
Para ele, a liberdade de expressão é um bem jurídico, também, assegurado na nossa Constituição Federal: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. Mas, no inciso V, temos que: “é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem”.
No final da manifestação, Fabiano Contarato ressalta: “Oportuno lembrar, neste momento, o legado de Cláudio Abramo, jornalista que primou por trazer à nossa imprensa o caráter da imparcialidade e da cobertura segundo o interesse da sociedade livre e democrática. Assim, ele nos ensinou: “O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter”.
Ataques
O presidente Jair Bolsonaro atacou a jornalista Vera Magalhães, em transmissão ao vivo divulgada na noite de quinta-feira (27), e disse que o vídeo divulgado por ele em grupos de WhatsApp a apoiadores sobre um ato público contra o Congresso é do ano de 2015. No entanto, a gravação conta com imagens da facada sofrida por ele durante o período eleitoral de 2018, quando Bolsonaro foi candidato à Presidência da República.
A jornalista Vera Magalhães retrucou e disse que o vídeo foi mostrado. “Não é de 2015, faz menção à facada do presidente, tem cenas dele sendo esfaqueado, cenas no hospital. A não ser que o cineasta seja Chico Xavier ou vidente, ele não tem como saber que Bolsonaro seria esfaqueado em 2018″.
Ela reiterou que enviou ao presidente, pelo mesmo número que ele compartilhou o vídeo, sua matéria, que ele recebeu, mas não a respondeu. Ressaltou, ainda, que o presidente enviou, momentos antes, um vídeo que mostra seu passeio de moto pelo Guarujá (SP), no Carnaval. “Não somos da mesma laia, presidente. A minha laia é a dos jornalistas, a gente apura o que publica. Aqui está minha vergonha na cara”, afirmou.