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Identificar autores intelectuais do 8 de janeiro é essencial, destaca senador

Contarato aponta o ex-presidente Jair Bolsonaro como diretamente envolvido nos ataques aos poderes

O senador Fabiano Contarato (PT) considera essencial identificar os autores intelectuais, os financiadores e os agentes públicos envolvidos na cronologia dos atos terroristas de 8 de janeiro, que começarão a ser investigados na próxima semana, depois do feriadão de Corpus Christi, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Senado Federal. Membro do colegiado, o senador apontou o ex-presidente Jair Bolsonaro como um dos líderes diretos do movimento.

“Temos que entender que o que aconteceu no dia 8 de janeiro, em apenas oito dias do governo Lula, foi um exaurimento de quatro anos de ataque à democracia. Nós tivemos um ex-presidente que não sabia viver numa democracia, que ficou quatro anos participando de movimentos antidemocráticos para fechar o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal, dizendo que, para fechar o Supremo, bastava um cabo e um soldado”, postou Contarato em suas redes sociais. 

O senador destacou fala do ex-presidente, na qual ele diz que, “se Lula fosse eleito, não subiria a rampa. “Ele instigou, induziu, auxiliou tudo aquilo que aconteceu no dia 8”. E acrescentou: “Foge à razoabilidade querer atribuir culpa ao atual presidente ou a qualquer um dos seus ministros sobre o que aconteceu com apenas 8 dias de governo”.

O parlamentar lembrou o encontro de Bolsonaro com embaixadores de outros países para falar mal do processo eleitoral brasileiro e desacreditar o resultado das urnas. “Nós tivemos, na posse do presidente da República, uma invasão à sede da Polícia Federal; tivemos o aeroporto de Guarulhos [São Paulo], que foi fechado também; esse resultado tem uma digital e eu espero que, quem de qualquer forma tenha concorrido para esse fato, seja autor, coautor, partícipe, a título de dolo, título de culpa, por ação e omissão, seja responsabilizado”.

A CPMI começou nessa terça-feira (6), com a aprovação do plano de trabalho da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), em uma sessão tumultuada por parlamentares apoiadores de Bolsonaro, entre eles o senador Marcos do Val (Podemos), que voltou a pedir a saída de Eliziane Gama da relatoria por sua relação política e de amizade com o ministro da Justiça, Flávio Dino.

Ele foi contestado pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), para quem essa linha de raciocínio afastaria os demais membros da CPMI, pois todos os parlamentares têm relações político-partidárias.

A deputada apontou parlamentares que induziram pessoas as aderirem ao movimento, citando nominalmente o senador Magno Malta (PL), da tropa de choque de Bolsonaro e ativista que dissemina a versão de que a tentativa de golpe de estado de 8 de janeiro, com a depredação dos prédios públicos na Praça dos Três Poderes, em Brasília, foi organizada pelo governo recém-empossado.

Roteiro

A Comissão poderá apreciar mais de 200 requerimentos já na próxima semana. A pauta da primeira reunião deliberativa deverá colocar em votação os pedidos de informações e relatórios à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e convocações como a de Anderson Torres, do tenente-coronel Mauro Cid, dos ex-ministros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno e Gonçalves Dias, e do ex-ministro da Defesa, Braga Neto.

Segundo a Agência Senado, a relatora da CPMI definiu oito linhas de investigação, a serem iniciadas pelos possíveis financiadores e autores dos atos anteriores aos ataques às sedes dos Três Poderes. Entre as linhas estão a identificação dos mentores, financiadores e executores dos acampamentos em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília; e o planejamento, a atuação dos órgãos de segurança pública da União e do Distrito Federal; além da atuação de Anderson Torres, enquanto ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro e também como secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.

A previsão é que os parlamentarem votem o conjunto de requerimentos que está anexado ao plano de trabalho da senadora Eliziane Gama. A pauta, no entanto, ainda não foi divulgada pela secretaria da comissão parlamentar de inquérito.

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