Senador ressaltou, em debate com Roberto Campos Neto, os preços de produtos da cesta básica da população brasileira
“Quero sair um pouco do tecnicismo para perguntar ao presidente do Banco Central se ele sabe quanto custa um litro de leite? Quanto custa um quilo de arroz, de feijão?”. O questionamento foi feito pelo senador Fabiano Contarato (PT) ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Nesta terça-feira (25), ele compareceu à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), para explicar porque, desde setembro de 2022, a taxa de juros tem se mantido em 13,75%.
Campos Neto, nomeado no governo de Jair Bolsonaro (PL), mostrou um vídeo com parâmetros para justificar os juros altos e foi questionado pela maioria dos senadores sobre os dados apresentados, tendo Contarato ressaltado os preços de produtos da cesta básica da população brasileira e complementado: “Com todo respeito, temos que sair da Faria Lima e interagir com a população que mais precisa”.
O senador disse ainda que Campos Neto, que nesta quinta-feira (27) também participará de sessão temática no Plenário do Senado, junto com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ouve apenas agentes do sistema financeiro, que se beneficiam com os juros altos, para apontar motivos que servem de base para a definição da taxa Selic, que é a projeção da inflação feita pela pesquisa Focus, do Banco Central.
“E quando a gente vê o presidente Lula reclamando, é óbvio que ele tem razão, porque quem vai ser julgado pelo sucesso ou fracasso da política econômica será ele”, afirmou o senador, que é líder do PT na Casa.
Para reforçar os questionamentos ao presidente do Banco Central, os senadores têm ainda como argumento a proposta de nova regra fiscal encaminhada na semana passada pelo governo ao Congresso. O texto substitui o fracassado modelo do teto de gastos, criado na gestão de Michel Temer (MDB) e piorado por Bolsonaro, por um sistema fiscal factível e adaptado à realidade socioeconômica brasileira.
O texto (PLP 93/2023), elogiado pelos senadores, condiciona o aumento das despesas a 70% do crescimento da arrecadação, que pode varia de 0,6% a 2,5% ao ano, dependendo do resultado apurado. Assim, garante que os investimentos do governo em obras de infraestrutura e em programas sociais, como os de saúde, educação, segurança e combate à fome, tenham reajuste acima da inflação todos os anos.