domingo, março 23, 2025
27.6 C
Vitória
domingo, março 23, 2025
domingo, março 23, 2025

Leia Também:

Correntes negociam condições para aliança nas eleições internas do PT

João Coser poderá garantir apoio para se tornar presidente estadual

ales_joaocoser_plenario_ales.jpg
Ales

O Processo de Eleição Direta (PED) do Partido dos Trabalhadores (PT) não está tão acirrado no Espírito Santo quanto a nível nacional, mas as articulações de bastidores seguem a todo a vapor. No momento, o que está ganhando mais corpo é a aproximação entre a Alternativa Socialista (AS), corrente do deputado estadual João Coser, que tenta se viabilizar como novo presidente do PT estadual, e o campo Para Voltar a Sonhar (PVS).

O prazo para inscrição de candidaturas nos municípios é até 12 de abril, e 28 de abril no Estado. A escolha dos novos presidentes está marcada para acontecer no próximo dia 6 de julho.

O PVS tem entre seus componentes as correntes Resistência Socialista (RS), do deputado federal Helder Salomão, e Alternativa de Esquerda (AE), da deputada estadual Iriny Lopes. Reuniões do campo ocorreram nessa quinta (20) e sexta-feira (21) e, segundo informações de bastidores, teriam estabelecidas algumas “condições” para uma aliança com a AS.

Um dos pontos que está em jogo é uma possível candidatura do vereador Professor Jocelino como candidato a presidente do PT de Vitória representando o campo Para Voltar a Sonhar. Nesse sentido, um apoio do PVS a Coser poderia ter como contrapartida a chancela do deputado estadual a Jocelino.

A Alternativa Socialista, que iniciou em novembro passado uma série de encontros com a base mirando o PED, tem como integrante em Vitória a vereadora Karla Coser, filha de João Coser e campeã de votos para a Câmara Municipal em 2024. Dentro desse cenário, o apoio a “Coser Pai” na estadual implicaria recuo de “Coser Filha” na municipal. Karla é cotada para ser candidata a deputada estadual ano que vem, e sua corrente deverá pleitear espaço a ela de alguma forma.

Atualmente, a presidente estadual do PT é a deputada federal Jack Rocha, da corrente majoritária nacional Construindo um Novo Brasil (CNB). Em 2019, a vitória de Jack sobre Helder Salomão foi por apenas três votos, contando com o apoio da AS.

Ainda não está certo se Jack Rocha tentará a reeleição ou buscará uma solução de consenso com a corrente de João Coser. Os dois pretendem se candidatar para a Câmara Federal em 2026, dentro de um cenário em que o PT já conta com dois deputados federais, incluindo Helder Salomão – conseguir três cadeiras seria uma missão bastante difícil.

Helder, por outro lado, tem sido cotado como possível candidato a governador em 2026, cacifado após ter ficado em primeiro lugar no Estado como candidato a deputado federal em 2022. Sua candidatura seria uma forma de fornecer um palanque à candidatura à reeleição do presidente Lula.

Salomão já anunciou que não pretende disputar a presidência do PT no Espírito Santo novamente. Já Coser, no longo período em que comandou a legenda, teve uma gestão marcada por se distanciar da base e dos movimentos sociais, resultado das relações estabelecidas com o ex-governador Paulo Hartung (a caminho do PSD).

Agora, com Renato Casagrande (PSB), Jack Rocha também foi alvo de insatisfações e resistência, devido a projetos avessos aos defendidos pela base – como ocorreu na eleição em Vila Velha, quando ameaçou uma intervenção para garantir apoio do PT à reeleição do prefeito Arnaldinho Borgo, em detrimento da candidatura de João Batista Babá.

Seja quem for o próximo comandante do PT estadual, terá como missão alavancar a sigla em um momento difícil. O partido vem amargando resultados inexpressivos em eleições municipais, mesmo a reboque de Lula, como no pleito do ano passado, e precisa se reinventar e consolidar novas lideranças.

O cenário nacional também é preocupante, com queda vertiginosa de popularidade do presidente Lula, inclusive em suas bases eleitorais mais fiéis. Internamente, há um racha na corrente Construindo um Novo Brasil, com um grupo contrário ao candidato a presidente nacional defendido por Lula, o ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva.

A polêmica se estende a denúncias de filiações em massa com uso da máquina pública. Os dados do jornal O Globo apontam que o PT registrou salto de 341,3 mil filiações entre outubro de 2024 e fevereiro deste ano. O Rio de Janeiro lidera a lista, com 82 mil. Recursos pedem apuração pela Nacional de indícios de inconsistências e cobram revisão dos recém-chegados.

Mais Lidas