Marcos Do Val e Fabiano Contarato terão missão dura em tentativa de reeleição

Nas eleições de 2026, duas cadeiras para o Senado Federal estarão em disputa. Faltando mais de um ano para o pleito, o Espírito Santo tem um cenário de, pelo menos, nove pré-candidatos com força eleitoral – incluindo os dois senadores que terão a dura missão de tentar se reeleger, Marcos do Val (Podemos) e Fabiano Contarato (PT).
De todos os candidatos especulados, o governador Renato Casagrande (PSB) é, sem dúvida nenhuma, a figura com maior capital político. Se o cenário não se modificar, a tendência é de que Casagrande deixe o cargo em 2026 com uma gestão bem avaliada pela população, cacifando-o para ser o mais votado ao Senado. O plano é deixar o governo para o vice, Ricardo Ferraço (MDB), que não esconde o objetivo de se eleger governador.
Resta saber quem ocuparia a segunda candidatura da chapa governista. Um dos cotados é o deputado federal Da Vitória, presidente estadual do Progressistas e reconduzido, no fim do mês passado, à liderança da bancada federal capixaba pelo sétimo ano seguido.
Em janeiro, Casagrande tirou Marcus Vicente da Secretaria de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano para atender a um pedido do presidente do PP, colocando Marcos Aurélio Soares em seu lugar. Apesar disso, não dá para cravar ainda que os dois estarão juntos em 2026, tendo em vista que Da Vitória já apoiou figuras de oposição ao governo estadual e mantém esses laços políticos, como prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), pré-candidato a governador.
Outro que diz sonhar com uma candidatura a senador é o experiente Enivaldo dos Anjos (PSB), prefeito reeleito de Barra de São Francisco, no noroeste do Estado, e ex-deputado estadual. Em novembro passado, em meio ao lançamento de seu livro biográfico, Enivaldo foi incisivo em dizer que a única candidatura que o interessa é o Senado, o que serviria para fechar sua trajetória política.
Atualmente, Enivaldo articula uma candidatura para a presidência da Associação dos Municípios do Estado (Amunes), o que pode colocá-lo em confronto direto com um colega de partido, Lubiana Barrigueira, prefeito de Nova Venécia, também no noroeste capixaba. A retirada ou não da candidatura poderia ser um trunfo de Enivaldo nas articulações para as eleições de 2026.
O próprio Fabiano Contarato é um dos cotados para a chapa governista. Em 2022, ele retirou a candidatura ao governo estadual após acordo do Partido dos Trabalhadores (PT) com Casagrande, envolvendo apoio à candidatura de Lula a presidente, o que não rendeu o devido empenho do lado do governador. Para 2026, especula-se uma possível candidatura de Helder Salomão a governador, hoje apontado como candidato à reeeleição, como forma de dar palanque a Lula, mas um novo acordo com Casagrande pode ser fechado.
Contarato tem um eleitorado cativo na esquerda, e o desafio será conseguir votos de outros campos políticos. Em 2018, ele ainda não estava filiado ao PT, e se elegeu com base em uma onda de renovação de quadros políticos pós Operação Lava Jato.
No campo da oposição, quem também declarou nos últimos dias que pretende concorrer ao Senado é o deputado estadual Sérgio Meneguelli (Republicanos), ex-prefeito de Colatina. Maneguelli já queria ter se candidatado a senador em 2022, mas foi barrado pelo seu partido. Agora, está disposto a mudar de sigla se for necessário, tendo recebido um convite do presidente estadual do Partido Social Democrático (PSD), Renzo Vasconcellos, atual prefeito colatinense.
Na Assembleia Legislativa, Meneguelli teve algumas polêmicas, como o episódio em que acusou o presidente Marcelo Santos (União) de ter adulterado o seu voto durante a análise do aumento da alíquota de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), em 2023, levando bolsonaristas a criticá-lo. Ainda assim, o ex-prefeito continua popular nas redes sociais e tem a seu favor o fato de ter sido eleito como deputado com recorde histórico de votos.
O PSD tem outro nome de peso cotado para a disputa ao Senado: o ex-governador Paulo Hartung, que estaria a caminho do partido, enquanto ensaia uma volta ao jogo político capixaba. Entretanto, Hartung não é afeito a disputas acirradas, e também tem o costume de alimentar especulações para depois voltar atrás.
Na extrema direita, o deputado federal Evair de Melo (PP) já foi apontado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro como o seu candidato favorito ao Senado, e poderia ter a seu favor o fato de ser um bolsonarista que circula mais por outros campos políticos que não o “bolsonarismo raiz”. Resta saber qual será a direção tomada pelo seu próprio partido, hoje mais inclinado a uma composição com Casagrande, de quem Evair se tornou opositor declarado.
Do Partido Liberal (PL), o senador Margno Malta, com cadeira garantida até 2030, lançou o deputado federal Gilvan da Federal como pré-candidato ao Senado. Nos últimos dias, surgiram especulações de um possível recuo de Gilvan, diante do cenário difícil que se desenha na disputa, e de que Magno poderia optar por colocar a sua própria filha como candidata, Magda Malta, a Maguinha. O deputado estadual Welington Callegari (PL) também é colocado como uma opção alternativa.
Por fim, ainda não dá para saber qual será o rumo tomado pelo errático Marcos do Val. Em 2018, foi eleito com o apoio de Casagrande, mas há muito se revelou como legítimo representante da extrema direita. Nas redes sociais, tem feito postagens obscuras. Em uma delas, chegou a pedir intervenção dos Estados Unidos no Brasil. Em outra, mais recente, postou texto em tom de despedida, falando em pessoas que torceriam por sua morte. Apesar disso, tem manifestado o desejo de tentar se reeleger.