Nos meios políticos, mudança na programação do presidente se deve à CPI da Pandemia
A comprovação de que o governo federal tem responsabilidade no elevado número de mortes provocadas pela Covid-19, como revelam depoimentos colhidos na Comissão parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, forçou as alterações anunciadas na programação da visita do presidente Jair Bolsonaro ao Espírito Santo, na próxima sexta-feira (11), segundo informações dos meios políticos. Ele não fará mais a travessia da Terceira Ponte nem participará da concentração prevista para a Praça do Papa, em Vitória.
A estratégia, de acordo com lideranças políticas, é evitar aglomerações, que contribuem para a proliferação do coronavírus, e comportamentos exibicionistas e festivos, que colam a imagem do presidente à de outros governantes execradas na história, da forma como é abordado pela oposição e em redes sociais, Nesse espaço, várias postagens tacham Bolsonaro de genocida e o comparam a Adolf Hitler e Mussolini, que lideraram o nazismo, na Alemanha, e o fascismo, na Itália, no século passado.
Pela programação original, Bolsonaro sairia de moto do 38º Batalhão de Infantaria (BI), localizado na Prainha, em Vila Velha, atravessaria a Terceira Ponte e chegaria à Praça do Papa, em Vitória, onde um evento encerraria sua passagem pelo Espírito Santo.
Os organizadores optaram pela seguinte programação: o presidente desembarca no aeroporto de Vitória e participa de conversa com populares em um cercadinho e, de lá, segue de helicóptero para São Mateus, norte do Estado, onde participa de evento da entrega de 434 casas populares.
A obra, parte do programa Minha Casa, Minha Vida, lançado pela presidente Dilma Rousseff, foi retomado pelo atual governo com o nome de Casa Verde Amarelo. Em seguida, o presidente sobrevoa as obras do Contorno do Mestre Álvaro, na Serra, e retorna ao Aeroporto de Vitória, onde embarca para São Paulo.
CPI
Nesta terça-feira (8), a CPI vai ouvir um novo depoimento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e apreciar requerimento do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) de convocação para que o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) e o médico Paolo Zanotto se expliquem à comissão.
A motivação para os requerimentos foi o vídeo divulgado pela imprensa que mostraria reunião de um suposto “gabinete paralelo” ao Ministério da Saúde, cujo objetivo seria aconselhar o presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia. Segundo Randolfe, o vídeo seria “a prova definitiva da existência do gabinete paralelo”.
No vídeo, divulgado na imprensa nacional, aparecem o virologista Paolo Zanotto, a médica Nise Yamaguchi, o deputado federal Osmar Terra (ex-ministro da Cidadania no governo Bolsonaro) e o próprio Jair Bolsonaro. Osmar Terra é chamado pelo presidente de “padrinho” e “assessor”. No vídeo, há falas de ressalva ao uso da vacina e de defesa da hidroxicloroquina. Os participantes da reunião não usavam máscaras.