Um morador da Serra e um empresário de Cariacica foram ouvidos na manhã desta quarta-feira (21) pelos membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Grilagem, da Assembleia Legisaltiva, na última reunião do ano. Os deputados esperavam ouvir também um representante do grupo Dadalto, mas ele não pôde comparecer por motivo de doença. Com o recesso parlamentar, a Comissão retomará os trabalhos em fevereiro do próximo ano.
O primeiro a ser ouvido foi o senhor Benedito da Silva Rosa, de 84 anos, que falou sobre o litígio que se estende há mais de 30 anos. Ele alega ser herdeiro da área denominada de “Pedrinhas”, pertencente à Jesuína Maria Barcelos desde de 1874. O terreno, localizado entre os bairros Barcelona e Porto Canoa, porém, está em litígio desde 1986, por causa da reivindicação da área por Alberto Daniel, já falecido.
A área em questão tem 1 milhão e 370 mil m², localizada no município de Serra, e já foi dividida e vendida para outras pessoas. Após a morte de Alberto Daniel, Creuza Zeferino teria se apresentado como representante do espólio, por ter uma união estável com Daniel. No entanto, os deputados tiveram informação de que ela teria entrado com uma ação trabalhista contra Daniel, o que suporia que seu nome teria sido usado indevidamente na causa da compra e venda dos terrenos.
À Comissão Parlamentar, Benedito disse que mesmo com decisões da Justiça em seu favor, ele foi impedido por Alberto Daniel de tomar posse da área. “Ele [Alberto Daniel] expulsou a gente do local. Não podemos fazer mais nada. Esse cidadão, no meu entender, nada mais nada menos é um grileiro”, relatou. Benedito também afirmou ter sido vítima de ameaça.
Os deputados solicitaram à prefeitura de Serra que envie toda documentação emitida referente a licenças e alvarás para instalação de empreendimentos no local no litígio.
Os deputados também aprovaram requerimentos para que sejam ouvidos, em reunião extraordinária marcada e para o dia 16 de fevereiro, Etelvina Abreu do Valle, responsável pelo Cartório do primeiro ofício, segunda zona da Serra, o oficial de Justiça Sandro Vanzo Pimenta, a suposta viúva de Alberto Daniel, Creuza Zeferino e um dos responsáveis pelo supermercado Extrabom (que estaria localizado na área).
Cariacica
Os deputados também ouviram o empresário Rafael Zanotti Xavier, convocado para explicar a compra de quatro chácaras no município de Cariacica. A documentação de venda, segundo apurado em investigação da Polícia Civil, estaria com assinatura falsificada.
Zanotti disse que comprou de Carlos Augusto Pretti Moraes, conhecido como Guto, as quatro propriedades pelo valor de cerca de R$100 mil. Rafael também informou só ter conhecimento sobre problemas na documentação após ser chamada para prestar depoimento na delegacia de Campo Grande, onde a investigação foi iniciada. Está em questão a assinatura de Valdecir Torezani, presidente da Imobiliária Universal, localizada em Cariacica.
“Esse inquérito, quando estava na delegacia de Campo Grande, foi avocado por interesses espúrios, pela chefia de polícia, que nós vamos depois requisitar a convocação do inquérito para a defraudações que está dormindo em berço esplêndido”, criticou o deputado Gilsinho Lopes (PR).
Convocado para a reunião, Pedro Dadalto alegou problemas de saúde e não compareceu. Representado por seu advogado, Pedro informou que não participa mais da administração do grupo Dadalto e sugeriu que fosse ouvido seu irmão, Osvaldo Dadalto. O grupo teria, em troca de um terreno na Serra, se comprometido a construir um teatro no município.